sábado, 25 de outubro de 2008

Oficinas de graffiti-RJ





O Philosoffiti, oficina de graffiti idealizada pela artista plástica e arte-educadora Lya Alves (Rota das Artes de Niterói) para o Projeto Social Trindalata,é um projeto artístico que utiliza o graffiti como veículo de inclusão social, geração de renda e democratização cultural para comunidades carentes. Funcionando desde junho/2008, oferece à população 5 oficinas de graffiti em Niterói. O curso inclui aulas práticas, teóricas e saídas pra eventos de hip hop e grafitagem.

PROJETO PHILOSOFFITI OFICINAS DE GRAFFITI
Prof.: Lya Alves (Rota das Artes).
Duração do curso: 3 módulos de 4 meses ( total: 12 meses).
Público-alvo: crianças de 9 a 12 anos, adolescentes e adultos.
Inscrições abertas
Gratuito


ASSOCIAÇÃO E ESCOLA FLUMINENSE DE BELAS ARTES – AFBA
Local: Instituto de Arte e Comunicação Social da UFF -Rua Lara Vilela, 126 - São Domingos
Dia: TERÇA-FEIRA 14:00 às 16:00h
Info: (21)2622-6745/(21)2629-9783 / (21)2629-9784

CENTRO COMUNITÁRIO SOCIAL DE PIRATININGA
Local: Rua Acúrcio Torres, esquina com rua 14 - Piratininga
Dia: QUARTA-FEIRA 14:00 ÀS 16:00 horas
Info:(21)2608-4058

PROJETO IDE
Local: Rua Mário Vianna, 302 – Santa Rosa
Dia: QUINTA-FEIRA de 14:00 às 15:30 horas
info:(21)3603-3655

ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL NOVO TEMPO
Local: Estrada Caetano Monteiro, 164 sobreloja 203 – Pendotiba
Dia: QUINTA-FEIRA, de 16:00 às 18:00 horas
Info:(21)2616-1727

PROJETO SOCIAL ANTIOQUIA
Local: Rua 38 – Piratininga - Niterói
Dia: SEXTA-FEIRA 14:30 às 16:30 horas
Info:(21)2619-2239

Contatos:
Lya Alves, artista plástica e autora do Projeto (21) 2609-8275/ (21)9489-1125
lyamac76@yahoo.com.br


Tudo o que a gente vê ou toca tem história pra contar

CAIXA São Paulo apresenta:

Exposição Interativa, Sessões, Oficinas e Palestras com Os Tapetes Contadores de Histórias

24 de outubro a 23 de novembro de 2008
CAIXA Cultural São Paulo - Galeria Humberto Betetto
ENTRADA FRANCAA CAIX

A Cultural São Paulo recebe, de 24 de outubro a 23 de novembro de 2008, a exposição interativa “Tudo o que a gente vê ou toca tem história pra contar”, da companhia Os Tapetes Contadores de Histórias. A mostra gratuita que comemora os 10 anos do grupo reúne diversas atividades como exposição, palestra, oficinas e sessões de histórias.

A companhia apresenta os elementos que inspiraram o grupo em seus projetos e pesquisas sobre diálogo entre oralidade, literatura e artes visuais e de criação e uso de suportes plásticos para contar histórias. Os visitantes poderão conferir e manusear uma série de objetos-cenários como tapetes, painéis, malas, aventais, saias, vestidos, teares, caixas de pano e jogos interativos para descobrir, inventar, ler e contar histórias.

Cada obra presente na exposição foi baseada em um conto e é acompanhada pelo livro correspondente, o que revela um repertório precioso de autores como Ana Maria Machado, Jutta Bauer, Luís da Câmara Cascudo, Marina Colasanti, Peter Bischel, Ricardo Azevedo e Sérgio Capparelli, bem como contos populares brasileiros e peruanos.

Parte dos objetos que compõe a exposição foi criado pelo próprio grupo. A grande variedade de suportes e novos cenários são uma atração a mais e se destacam principalmente nas sessões que estréiam nesta temporada como a infanto-juvenil “Bicho do Mato” e a adulta “O mundo de fora pertence ao mundo de dentro”.

A mostra conta ainda com livros de pano do projeto peruano “Manos que Cuentan” e tapetes criados pelo artesão e contador de histórias francês Tarak Hammam.

PROGRAMAÇÃO: Sessões de Histórias

Terça a Sexta, para Escolas e Grupos: 9h, 10h, 14h e 15h
Agendamento pelo tel.: (11) 3321-4400

Finais de Semana, sessões abertas com retirada de senhas 30 min antes, lugares limitados:

Sextas 19h Divinas y Humanas (adultos e jovens, a partir de 12 anos)
Sábados 16h Bicho do Mato (a partir de 3 anos) 17h O rei que ficou cego (a partir de 5 anos)19h O mundo de fora pertence ao mundo de dentro (adultos e jovens, a partir de 12 anos)

Domingos 16h Bicho do Mato (a partir de 3 anos) 17h O rei que ficou cego (a partir de 5 anos)

* Exposição fecha durante as apresentações

Oficinas - Ateliês de Histórias
Terça a Sexta, das 18h às 21h, 20 vagas
Turma I (04 a 07 de nov) / Turma II (11 a 14 de nov) / Turma III (18 a 21 de nov)
Inscrições pelo tel.: (11) 3321-4400

Palestra - Sobre textos e têxteis
30 out (qui, 19h às 21h, 40 vagas)
Inscrições pelo tel.: (11) 3321-4400

CAIXA Cultural São Paulo
Praça da Sé, 111 – Centro – São Paulo - CEP 01001-001 / Tel.: (11) 3321-4400www.caixa.gov.br/caixacultural

Os Tapetes Contadores de Histórias
www.tapetescontadores.com.br
http://br.youtube.com/caducinelli (Vídeos)
Andréa Pinheiro, Carlos Eduardo Cinelli, Edison Mego, Helena Contente, Ilana Pogrebinschi, Rosana Reátegui e Warley Goulart

Workshop com Keith Terry

Divulgado pela Zeneide

Keith Terry é percussionista e dançarino rítmico conhecido pela sua inovadora musica corporal a qual literalmente incorpora ritmos sólidos e danças altamente energéticas. Ele é diretor artístico do Crosspulse, Keith tem criado projetos de performances multi culturais que fundem as linhas entre a musica e a dança: O Crosspulse Percussion Ensemble, o projeto Body Tjak com o coreógrafo/ compositor indones I Wayan Dibia, e o Professor Terry's Circus Band Extraordináire. Keith tem colaborado com inúmeros artistas, incluindo Bobby McFerrin, Robin Williams, the Bobs, o Turtle Island String Quartet e o original Jazz Tap Ensemble.

Data: 01/11 sábado
Horário: das 14h às 18h
Local: Colégio Santo Américo - Av. Santo Américo, 275 - Morumbi
Investimento: R$ 120,00
* para associados ABRAORFF desconto de 20% - valor R$ 95,00.

Inscrições:
Núcleo Barbatuques - Fone: 11 3868-3082 - FAX: 11 3672-5076
e-mail: producao@barbatuques.com.br

Pagamento
Auê Núcleo de Ensino Musical SC Ltda.
CNPJ 69.270.890/0001- 58
Itaú - 341 - AG: 0737 - CC: 24326-1
*As reservas somente serão confirmadas mediante envio do comprovante de
depóstio via fax: 11 3672-5076 A/c de Cecília Ferreira.

Informações:
Núcleo Barbatuques
11 3868 3082 - 11 3672 5076
raja@barbatuques. com.br
www.barbatuques. com.br

Semana de Arte e Design na Livraria da Vila

Veja Programação em www.livrariadavila.com.br

Fernando Pessoa

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." (Fernando Pessoa)

Pinacoteca Convida

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Cursos em 25/10/08, em São Paulo

25/10- Sáb - Manhã: das 8h30 às 12h30

Brincantando a tradição popular: danças, cantos e cantigas (seminário)
Objetivo: conhecer, respeitar e preservar a diversidade cultural das expressões musicais da palavra cantada do povo brasileiro que compõem nossa pluralidade cultural
Palestrante: Profª Maria Zeneide da Silva Alves

25/10 - Sáb - Tarde: das 13h30 às 17h30
Brincando com papel: círculos que viram dobradura (curso)
Objetivo: confeccionar dobraduras de diversos modelos, a partir de simples cortes circulares
Palestrante: Profª Sileia M. Vieira Barbosa

INSCRIÇÕES:
Pelo telefones: 11 - 3926-3616 ou 6864-3616 ou e-mail: contato@interativav irtual.com. br

INVESTIMENTO:
Curso de 4h (cada): R$20,00

Curso de 12 horas: R$50,00

Estagiários-curso de 4h: R$12,00
Quadro de apoio-curso de 12h: R$35,00

*incluso apostila, coffee break e certificado

LOCAL DOS CURSOS:
Unidade INTERATIVA - Rua Salvador de Lima, 17 - 3ºandar - Metrô Carrão, na saída do metrô - lado "Terminal Norte" - Tel. (11) 3926-3616 ou 6864-3616

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Os novos pincéis

Revista Educação - Edição 138

Ferramentas atuais para o ensino se estendem desde as novas tecnologias, como a internet, até o avanço do trabalho pedagógico feito por museus
*Carmen Guerreiro*

Arte se ensina com arte. Mais de 20 anos após esse conceito ser tratado em livros como O ensino por meio da arte (Perspectiva) e Tópicos utópicos (ComArte), ambos da professora Ana Mae Barbosa, que abordava a importância da presença da imagem no ensino do objeto artístico, a discussão atravessou a barreira do século 21 e atingiu um patamar mais alto. Entre os novos atores deste ato estão os museus, por um lado, que vêm aprofundando o trabalho de formação de professores, e as novas tecnologias, por outro, que ampliam as possibilidades da arte-educação com a oferta de ferramentas sintonizadas ao mundo digital e a possibilidade de utilização de novas formas de construção de conhecimento.

O mais atual exemplo da ampliação do alcance das ferramentas no ensino da área é a midiateca lançada pelo Instituto Arte na Escola no último mês de junho. Desde que entrou no ar no site da entidade (www.artenaescola. org.br/midiateca ), já obteve mais de 17 mil acessos, número que tende a crescer. A plataforma, por enquanto, é uma base digital para o material pedagógico da organização, que tem como objetivo divulgar e qualificar o ensino da arte - em especial a brasileira. Já fazem parte desse banco de dados 98 materiais, os quais exploram pedagogicamente instituições, artistas, obras, teorias e publicações. A maior parte do acervo é composta pela dvdteca, conjunto de vídeos digitalizados. "A riqueza da midiateca está justamente no acesso a todo um universo de possibilidades, sem estar preso a um só material. Isso amplia as opções e permite que o professor trabalhe com diversas metodologias e abordagens. De alguma forma, queremos que ele alcance mais rápido os resultados desejados", explica Monica Kondziolková, coordenadora de Comunicação do Instituto Arte na Escola.

A equipe dedicou um longo tempo de pesquisa para avaliar a forma como os educadores costumam utilizar ferramentas de busca na hora de planejar a aula. Uma bibliotecária foi encarregada de organizar o banco de dados e, assim, para cada elemento introduzido é necessário realizar um novo estudo e criar outro universo de palavras-chave. Por isso, o trabalho ainda caminha a passos lentos, levando em conta a quantidade de conteúdo que ainda precisa ser inserido. "Esse é o primeiro passo de um longo caminho. O objetivo principal é aumentar a acessibilidade, para que o material chegue ao maior número possível de pessoas", observa Denise Grinspum, gerente-geral do instituto. Com a ampliação do público, a etapa seguinte é elaborar instrumentos feitos especialmente para o espaço da internet. "A Midiateca transformou algo físico em virtual. O que já tínhamos foi postado e adaptado, mas não foi feito para aquele tipo de ambiente. Nosso desafio é desenvolver ferramentas mais adequadas, que tenham recursos mais dinâmicos",completa.

Na prática, a iniciativa da organização centraliza referências para o ensino da arte. Duas questões essenciais, porém, tornam o material diferente do que há disponível na web. A primeira é o fato de os trabalhos serem desenvolvidos especialmente para educadores, visando a formação do profissional. "A educação continuada é nosso grande desafio. Apenas dar acesso ao material não garante que o professor terá uma proposta interessante, porque ele vai trabalhar somente com o próprio repertório. Não adianta só oferecer o conteúdo, é preciso capacitar", argumenta Monica.

De que fonte beber? Não faltam opções na hora de buscar referências para aprimorar a formação do arte-educador. Lúcia Pimentel, da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e secretária-geral do Conselho Latinoamericano de Ensino de Arte, avalia que as melhores fontes hoje são os museus, a imprensa e a internet, com a educação a distância. A produção acadêmica também é vasta e a pesquisa na área continua em expansão. "Outra questão é a criação de redes e realização de congressos. Graças a isso, temos acesso a discussões e materiais feitos por pesquisadores internacionais e outros profissionais que não podemos encontrar pessoalmente" , afirma.

As redes de conhecimento são a melhor maneira de formar professores para a arte-educadora Ana Mae Barbosa, decana da área. "A discussão é fundamental. Só aprendemos uns com os outros", opina. "Fico animada com esses educadores jovens de museus. Se não têm um curso de formação, criam redes de educadores culturais e debatem como ampliar seu conhecimento, trocando indicações."A segunda questão é a credibilidade das informações, debate constante quando o assunto é internet. "O professor pode até usar o Google, mas temos todo o material que ele procura pronto para baixar. O público sabe que é um site confiável, em que ele vai encontrar propostas interessantes" , afirma Denise. Para a arte-educadora, o fato de hoje a internet ser muito utilizada faz com que se torne cada vez mais funcional. "O problema é que, por mais didática que seja, precisa de ações mediadoras para que se possa usá-la de maneira mais rica", diz.

Suportes variados

A arte-educadora Lúcia Pimentel, professora associada da Escola de Belas Artes da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e secretária- geral do Conselho Latinoamericano de Ensino de Arte, acredita que as tecnologias modernas, tais como a câmera digital, o computador e a internet, são excelentes instrumentos para ampliar as possibilidades do ensino da arte. Entretanto, pondera: "A arte sempre usou o que havia à disposição para o seu ensino. Não é possível fazer uma pintura a óleo no computador, tampouco uma pintura digital com tinta a óleo. Existe uma diferença grande, porém, do computador como mecanismo de busca ou ferramenta pura e simplesmente, para um instrumento capaz de desenvolver o pensamento em arte ou um trabalho de elaboração de uma obra de arte". Para a especialista, a informática tem um grande potencial no ensino da arte, que nem sempre é bem aproveitado. "A tecnologia faz com que produções mais complexas possam ser executadas por mais gente e com mais facilidade. Mas sua utilidade depende da maneira como será usada, pensada e do conhecimento que pode ser gerado a partir de sua aplicação", diz. Lúcia defende que, para melhor explorar as novas tecnologias, é preciso um preparo para chegar a fontes de referência distantes no mundo físico e entender como trabalhar essas informações.

Essa é a opinião compartilhada pela arte-educadora Ana Mae Barbosa. Titular aposentada da Universidade de São Paulo e professora da Universidade Anhembi Morumbi, foi pioneira no pensamento sobre arte-educação no Brasil e acompanha ativamente o desenvolvimento atual da área. "O computador veio acrescentar uma excelente gama de possibilidades. Isso é ótimo, desde que seja trabalhado continuamente com o aluno, de forma a organizar suas idéias e seus conceitos de mundo. Tenho resistência à pedagogia da oficina sem continuidade, porque o resultado do trabalho da arte vira pura brincadeira" , critica.

Apesar da conclusão das especialistas de que, no ensino da arte-educação, é importante explorar as novas tecnologias não só como ferramentas, mas também como meios de formação do professor e de desenvolvimento do aluno, ainda são poucas as instituições especializadas no tema que se aproximam desse ideal. O Instituto Arte na Escola, com a midiateca e outras iniciativas, é uma das que seguem tal caminho. Entretanto, existem outros projetos abertos ao público, tanto para docentes como para estudantes, que não se propõem a trabalhar pedagogicamente conteúdos de arte-educação, mas sim a formar uma base sólida e aprofundada de referência. A partir desses ricos bancos de dados, é possível buscar informação e estruturar o plano de aula.

A proposta é outra, mais independente e com um foco diferente. Esse é o trabalho feito pelo Instituto Itaú Cultural com suas enciclopédias digitais de arte, no ar desde 2001 e em constante aprimoramento desde então.A primeira lançada foi a de Artes Visuais, que sistematiza informações sobre conceitos, obras, artistas, eventos, instituições e história do segmento. O acervo virtual, com mais de 3 mil verbetes e 12 mil imagens, está voltado para a arte ligada ao Brasil, tanto de produção nacional quanto estrangeira. Além dessa, hoje a organização já mantém as enciclopédias de arte e tecnologia, literatura brasileira e teatro. Com o sucesso da empreitada, que rende em média 400 mil acessos mensalmente, a entidade está trabalhando para lançar em 2009 as enciclopédias de dança, cinema e música.

Museu Lasar Segall, que desenvolve ações educativas desde 1985: foco na independência do professor

O objetivo inicial do projeto era divulgar a arte e cultura brasileira para a população em geral, não especificamente professores. Mas Tânia Rodrigues, gerente do Núcleo de Enciclopédias, recebe diariamente demandas de educadores e alunos que pedem ajuda com a abordagem de determinado tema. "É bacana porque conquistou a confiança das pessoas, que procuram informações no nosso site. Nosso grande desafio é justamentea tender a um público diverso, porque tentamos trabalhar com a noção de linguagem acessível para todas as pessoas e fazer com que os textos produzidos não sejam rasteiros a ponto de desinteressar especialistas, mas não sofisticados demais para a molecada", afirma Tânia. Apesar disso, as enciclopédias não pretendem servir como fonte única de dados. "Sempre oferecemos outras referências de bibliografia complementar, para as pessoas saírem dali com uma base e encontrarem outros recursos. Usar as enciclopédias sozinhas como referência não faz sentido", esclarece.

Além das enciclopédias, o Itaú Cultural mantém um núcleo de Educação Cultural, responsável pela coordenação das visitas monitoradas ao Museu da Numismática, um acervo de moedas, medalhas e condecorações luso-brasileiras. Na equipe de educadores, há pedagogos, cientistas sociais, historiadores e artistas plásticos, que não só orientam o público da exposição, mas também evidenciam questões propostas pelas obras.

Museu não é depósito

A evolução dos centros educacionais nos museus é outra parte importante no campo de mudanças recentes nas práticas arte-educativas e na relação da escola com seu entorno cultural. O trabalho do núcleo de educação do Itaú Cultural se enquadra nesse grande movimento das instituições museológicas que há tempos deixaram para trás a visão de que seu papel no ensino da artese limita a visitas guiadas e pouco aprofundadas pelo acervo. Dentro da nova postura, os museus variam entre a produção de material pedagógico, a formação continuada de professores e a oferta de cursos voltados para o ensino da arte."O museu não é um lugar para guardar coisas ou para ditar normas estéticas do que é arte. O papel tem de ir muito além disso, mas as escolas ainda não aproveitam o potencial desses espaços. Os museus têm trabalhado a questão da formação continuada de professores e, por isso, têm uma função importante na construção do conhecimento em arte", avalia Lúcia. A especialista acredita que a ação dos museus ajuda também a valorizar o arte-educador, não só como alvo das atividades, mas como profissional da equipe institucional. Ana Mae, porém, alerta para o fato de muitos museus desenvolverem ações diversas com boas propostas apenas aparentemente, mas que, no fundo, não se aprofundam nas questões do ensino da arte. Para ela, é essencial que a instituição complemente seus projetos com publicações. "Existe muito trabalho bom, mas também muita ficção. O que há de bom conseguimos avaliar por causa do material produzido. Nenhum departamento de educação em museu pode ser considerado bom se não produzir um trabalho impresso para os professores e alunos", afirma.

A Pinacoteca do Estado de São Paulo segue o conselho. Desenvolveu duas publicações, uma voltada à prática pedagógica e outra destinada ao público em geral, com o objetivo de oferecer uma visita independente. O material deapoio produzido é a base do trabalho de formação de professores, uma das iniciativas da Ação Educativa do museu, e visa aprofundar o conhecimento sobre o acervo, trazer referências de leitura, incentivar a reflexão sobre as possíveis leituras das obras e estudar como levá-las para a sala de aula. Os encontros são realizados regularmente e o material pode ser retirado no próprio museu. Mila Chiovatto, coordenadora do Núcleo de Educação da Pinacoteca, explica que o objetivo da iniciativa é, além de qualificar a experiência do contatoc om a obra de arte, aumentar o perfil do público visitante. Os professores têm um papel fundamental nesse processo. "Eles são mediadores entre o museu e os alunos. Quando descobrem em si o prazer e o potencial pedagógico da obra de arte, são capazes de traduzir a mesma impressão para os estudantes", justifica. Segundo Mila, a visita educativa nos museus vem se transformando nos últimos tempos por conta de uma própria mudança da instituição museológica, que sempre teve o foco na preservação de obras e hoje se voltap ara outra função, a de comunicar. Nesse novo panorama, a ação pedagógica é fundamental. "O museu faz parte do processo educativo do cidadão. E se não faz, deve fazer", diz.

A visão de que o museu é um espaço dinâmico de educação e conhecimento, e não de conservação e pó, é defendida também pelo Instituto Tomie Ohtake. Com uma equipe de sete educadores, a entidade oferece diversos cursos e atividades voltadas para professores e a arte-educação. Os profissionais pesquisam constantemente o tema e novas formas de ensinar. "Apesar de a formação em artes ter se desenvolvido muito nos últimos anos, ainda é carente, e por isso as instituições culturais acabam cumprindo o papel de formação do educador. Isso é fundamental, porque a única maneira de o ensino da arte chegar de forma consistente na sala de aula é fazer um acompanhamento das práticas didáticas dos professores e investir na formação", analisa Stela Barbieri, diretora da Ação Educativa do instituto.

O papel dos museus

De 23 a 26 de outubro, a arte-educadora Ana Mae Barbosa organiza, no Rio de Janeiro, o Encontro Internacional Arte/Educação como Mediação. O evento éuma chance de conhecer as novas experiências em arte-educação, com foco no papel dos museus no ensino da arte, além de oferecer a possibilidade de entender o que especialistas estrangeiros pensam sobre o assunto. O encontro é gratuito e será realizado no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro. Informações pelos telefones (21) 3808-2070 / 2254 ou pelo e-mail seminariodearteeduc acao@sapotievent os.com.br.
A visita guiada é a menor das atividades do espaço, que recebe mais de mil pessoas por semana com seus cursos. Uma das iniciativas envolvendo as exposições é um encontro de duas horas, no qual a equipe do museu orienta em relação à exposição, que se renova a cada dois meses, e trabalha, com material pedagógico, formas de dar continuidade em sala de aula. Outro projeto é a organização de ateliês que unem diversas mostras sob um único foco. Por exemplo, uma exposição de fotografia, uma de gravura e outra de pintura, trabalhadas juntas sob a perspectiva da luz nas obras.

Outros cursos de longa duração abordam assuntos específicos, como o de introdução ao ensino da arte contemporânea (um semestre), curso de gravura (dois anos) e de formação de arte-educadores (três anos). A diversidade é compatível com o objetivo do instituto de investir no professor. "É essencial ter um professor curioso, autônomo, que estruture um planejamento que faça sentido para ele e passe pelas questões da arte", afirma Mariana Francoio, coordenadora dos educadores da Ação Educativa.

Estimular a independência do professor é também o foco do Museu Lasar Segall, que desenvolve ações educativas desde 1985. "Nossa intenção é de fazer com que o professor tenha mais autonomia, para que ele desenvolva o próprio trabalho e volte mais vezes", diz Anny Lima, coordenadora da Ação Educativa do museu. Hoje, por meio de cursos e palestras, trabalha com atividades em três planos: formação de professores, incentivo de visitas familiares e o Museu Comunidade, para grupos específicos - desde o atendimento a deficientes até o público de centros de reabilitação juvenil.

Além de oferecer cursos e apoio pedagógico a professores, o Masp (Museu deArte de São Paulo) mantém também a Escola do Masp, um centro de ensino da introdução, fundamento, história e crítica da arte, aberto a todos ospúblicos. "Damos informação sobre o contexto das obras e, a partir dessa base, o professor adquire mais informação para utilizar o conhecimento em sala de aula", explica Silvia Meira, coordenadora da escola, para quem existe uma lacuna na formação em história da arte no Brasil. Por isso, diz, esse conteúdo é fundamental para a formação dos arte-educadores.

Para Ana Mae Barbosa, saber a teoria da arte faz diferença na hora de ensinar. "É muito importante o embasamento do professor. Ensinar teoria para aluno não tem o menor sentido. O essencial é levar para ver a obra de arte, os programas de televisão e os comerciais, por exemplo. Isso ajuda a desenvolver a capacidade crítica não só para a arte, mas para outras áreas", observa.

Para saber mais

A quantidade de páginas da internet voltadas à discussão da arte-educação ou com referências sobre o tema é grande, porém são poucas as que oferecem ferramentas simples, práticas e conteúdos completos e confiáveis. Eis algumas:

Instituto Arte na Escola:
www.artenaescola.org.br
Além de trabalhar abordagens pedagógicas do ensino da arte, conta com um banco de dados multimídia e uma extensa lista de sites que podem servir como referência.

Enciclopédia de Artes Visuais Itaú Cultural:
www.itaucultural.org.br/enciclopedia
Traz um dinâmico conteúdo que aborda artistas, obras, movimentos artísticos, eventos e marcos na história da artebrasileira.

Instituto Tomie Ohtake:
www.institutotomieohtake.org.br/programacao/cursos/tecursos.htm
Oferece cursos e outras atividades de formação de professores voltados para o ensino da arte.

Ação educativa de museus:

Pinacoteca do Estado - www.pinacoteca.org.br/?pagid=acao_educativa
Masp - http://masp. uol.com.br/ escoladomasp/
Museu Lasar Segall - www.museusegall. org.br
http://revistaeduca cao.uol.com. br/textos. asp?codigo= 12531-
Anderson Leitão http://andersonleit ao.googlepages. com

sábado, 18 de outubro de 2008

Show do Mawaca no Auditório Ibirapuera


Domingo passado, Dia das Crianças, fui com a família no show do grupo Mawaca, no Auditório do Ibirapuera. Que programa maravilhoso! O lugar é lindo, o som é perfeito, tudo conspira a favor do show, com qualidade e conforto, mas principalmente, cultura.

Devo explicar primeiro que nós quatro somos grandes fãs do Mawaca. Minhas filhotas sabem de cor as músicas dos dois cds (Astrolábio Tucupira e Mawaca pra todo canto) e do dvd, que nós já vimos várias vezes. O trabalho do grupo é primoroso, traz músicas de muitos lugares do mundo e arranjos musicais originais, que integram uma enorme variedade de instrumentos, criativamente reconfigurando os sons e ritmos das músicas.

O formato desse show foi diferente: Através da contação de histórias, contextualizaram as músicas apresentadas, aproximando-as das crianças e tornando-as mais significativas e inesquecíveis. Essa é também a proposta do livro "De todos os Cantos do Mundo", de Heloísa Prieto e Magda Pucci, que obviamente tivemos que comprar para ler, ouvir e relembrar as histórias em casa.

Minhas filhas adoraram o show, e eu também me diverti e aprendi muito. Dançamos, cantamos, batucamos no colo, acompanhamos com palmas, e olhamos em volta, o auditório todo empolgado e participativo.

No final, o grupo recebeu as crianças com conversas, beijos e abraços, aproximando-as do universo artístico de um modo como apenas em um espetáculo como esse pode-se fazer. As meninas as abraçaram , beijaram e conversaram com naturalidade, sem aquela tietagem que acompanha a cultura de massa consumista que se vê por aí. Na volta para casa comentaram como elas eram bonitas e 'normais'. Fiquei feliz com o comentário, pois mostra que a arte está acessível, faz parte de nosso mundo, e está ao alcance das crianças se dedicarem, trabalharem e desenvolverem seus conhecimentos artísticos.

Voltamos ouvindo o cd que acompanha o livro, relembrando o show e nos divertindo. Na segunda-feira, a Tarsila levou o livro para mostrar aos amigos. Vamos adotá-lo com a turma do 3º ano no ano que vem, pois dá base para um projeto maravilhoso de estudo de outros povos e culturas através da música.

Eu chamei as meninas para me ajudarem a escrever este post, contando como foi a experiência para elas. Seguem abaixo os comentários delas:

"Eu gostei da história da 'mariposa', quando elas cantam em espanhol. Eu também gostei quando elas ensinaram uma dança pra platéia, e mostrei para os meus amigos na escola. No dia das crianças eu ganhei uma alfaia, e estou tocando as músicas do Mawaca. Eu gosto de todas as artistas, mas eu gosto mais da Cristina Guiçá, da Magda e da Sandra. Eu também gosto da Cris Miguel, que dança "Cirandeiro", pena que ela não estava lá, mas eu vejo ela no Rá Tim Bum" (Tarsila)

"Eu também gostei da história da 'mariposa', de quando se perguntava 'Eres cubana?' e elas respondiam, 'No soy cubana'. Também achei legal a parte da 'arenita azul'. As roupas delas no show eram muito bonitas, a da Zuzu Abu e da Sandra Oak eram azuis, todas eram de cores parecidas, mas não iguais. As vozes eram doces, cada história tinha seus detalhes, e as músicas eram bonitas, muito diferentes e legais. A minha música favorita do Mawaca é Bre Petrunko, porque tem partes engraçadas, como o 'ai, ai' da Sandra. No final do show nós fomos pedir autógrafos no novo livro e elas foram legais. Eu gosto de todas, principalmente da Cristina, da Sandra e da Zuzu". (Isabela)


Em novembro será lançado o novo cd no SESC Santo André. Mal posso esperar!


quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Atividades no Centro Cultural de São Paulo

Dica cultural da Zeneide:

A partir de hoje, no Centro Cultural de São Paulo, uma série de oficinas e atividades culturais relacionadas ao meio-ambiente têm lugar. Sob o título: "Este mundo é meu! e as sete sementes", os participantes poderão refletir e aprender a partir de vídeos, exposição, oficinas e outras atividades.

"Nesta sua sétima edição, o projeto tem como tema o meio ambiente - Este mundo é meu! E as sete sementes... - e aborda questões centrais e atuais considerando a própria natureza cultural e arquitetônica do Centro Cultural São Paulo. Ou seja, a discussão desse evento é ambiental, em um espaço de fomento interdisciplinar, que recebe um público plural, bem como especializado, formado por pesquisadores, ambientalistas, professores, artistas e educadores. Além de promover a cultura e a arte para vários públicos em eventos inspirados pela criatividade da criança, esta edição também propõe refletir e disseminar, de modo coletivo e integrado, o compromisso com a preservação ambiental.
O debate dessas questões, que afligem todos nós, será mediado pelo lúdico e pela magia do Este mundo é meu!. No período de 8 a 31 de outubro estaremos envolvidos com a Arte, a Espiritualidade, a Educação, a Ética, a Cultura e a Ciência, por meio de uma Participação ativa, crítica e criativa, elementos que simbolizam as sete sementes lançadas nos espaços deste Centro para uma integração dos saberes que promovem belas e vitais ações."

!Martin GrossmannDiretor do Centro Cultural São Paulo)


Veja alguns cursos e oficinas:
inscrições até dia 8/10
dias 9, 16, 23 e 30/10 - quintas, das 10 às 12h e das 14 às 16h
- Sala de Oficinas I
Oficina Como os índios - Arte com as cores da Terra
Coordenação: Cecília Borelli e Assistente KK. Alcover
Oficina na qual os participantes têm a oportunidade de entrar em contato com a cultura e a arte de algumas tribos indígenas, podendo vivenciar e criar como eles utilizando materiais e tintas naturais.
Cecília Borelli é psicóloga, artista plástica e arte-educadora.
(40 vagas) - público: crianças a partir 8 anos
- inscrições: de 2 a 8/10, na Divisão de Ação Cultural e Educativa, pelo tel. 33833437
- período da oficina: quintas-feiras, de 09/10 a 30/10.

inscrições até dia 8/10
dias 10, 17, 24, e 31/10 - sextas, das 10h às 12h e das 14h às 16h
- Sala de Oficinas II
Workshop Sonoridades Visíveis
Coordenação: Marco Scarassati e Marcelo Bonfim
Esse workshop propõe a partir da exibição de um filme curta metragem sobre a origem dos sons, ensinar a criar e confeccionar instrumentos musicais a partir de materiais re-utilizados e que possam ser aproveitados para posterior sonorização do filme.
(40 vagas) - público: crianças entre 8 e 12 anos
- inscrições: de 2 a 8/10, na Divisão de Ação Cultural e Educativa, pelo tel. 33833437
- período da oficina: sextas-feiras, de 10/10 a 31/10.

dia 11/10 - sábadodas 10h às 12h e das 14 às 16h - Espaços externos do CCSP
Atividade em família: Objetos de teatro
Orientação: Cláudia Malaco
Os carrinhos do mobiliário educativo tatu-bola servirão para receber o público, em família, nesta oficina que reapresenta o brincar no processo de aprendizagem. A proposta é criar personagens a partir de uma história contada e construir objetos e roupas que os acompanhem. A cada sábado uma oficina diferente será ministrada com temas como maquiagem, máscaras e bonecos.
(20 vagas, 7 anos, acompanhadas pelos responsáveis)

dia 12/10 - domingo das 10h30 às 17h - Jardim Eurico Prado Lopes (rampa do metrô)
Cursos e oficinas
Foto na lata
Coordenação: Equipe da Imagem Mágica
Oficina na qual se pretende ensinar as técnicas fotográficas, desde a construção e o funcionamento de uma câmera artesanal até os processos de revelação destas imagens (pinhole), tendo como tema o meio ambiente. O objetivo é despertar em cada indivíduo a percepção de seu potencial e a responsabilidade para a edificação de um mundo melhor, utilizando como principal ferramenta o poder da imagem. (45min cada oficina, 8 anos)

Veja no site a programação completa:
http://www.centrocultural.sp.gov.br/este_mundo/por_area.htm

O endereço e o telefone do CCSP são:
Rua Vergueiro, 1000 - Paraíso - CEP 01504-000 - São Paulo - SPfone: 3383 3402

sábado, 4 de outubro de 2008

Enfim, música nas escolas outra vez!

Recebi este texto pela Zeneide, creio que é do interesse do blog.

Enfim, Música nas escolas outra vez!

Júlio Medaglia

É preciso abrir a mente dos jovens para muitas vivências sonoras e mostrar-lhes como é grande e colorido o mundo musical universal.

Na década de 1930, a carreira internacional de Heitor Villa-Lobos fluía muito bem. Ao ver, porém, a expansão dos meios eletrônicos de massa, o rádio e a gravação de discos, apaixonado pelo Brasil como era, resolveu permanecer aqui para iniciar um projeto de ensino musical nas escolas. Pretendia, assim, proteger nosso povo de um possível ataque maléfico dessa emergente indústria da cultura, que ele chamava de música de repetição.

Dizia, não com estas palavras, que o brasileiro deveria ser municiado de informações musicais sólidas, pois poderia ficar refém dessa máquina, seguramente mais preocupada em comercializar seus produtos que em prestar serviços à cultura nacional.

Não se tem notícias de um raciocínio tão coerente e premonitório como esse, sobretudo quando se observa a realidade cultural atual.

Esse bombardeio via satélite, promovido por uma indústria cultural que se expande na mesma proporção em que baixa o nível artístico da produção, ocorre internacionalmente, direcionando o público no sentido de um frenético “consuma e descarte” que, tratando de bens comuns, pode funcionar, mas, quando aplicado à criação artística, promove verdadeira devastação na sensibilidade humana.

Inicialmente apoiado pelo interventor federal em São Paulo, tenente João Alberto, Villa fez uma longa viagem ao interior de nosso Estado -carregando um piano consigo!-, iniciando uma verdadeira caravana em prol da divulgação e do ensino de uma música de qualidade.

Com o bom resultado da experiência/aventura , o grande educador Anísio Teixeira, então secretário de Educação do Rio, criou para Villa uma Superintendência da Educação Musical e Artística. Próximo do poder central, Villa fez seu projeto chegar a Getúlio.

O ditador, encantado com as manifestações de massa do ufanismo patriótico nazifascista da Europa, viu nas concentrações corais de Villa o instrumento ideal para promover algo semelhante no Brasil. Assim, decretou a obrigatoriedade do ensino musical no país. Em seguida, criou-se o Conservatório Nacional de Canto Orfeônico para a formação de professores, o qual Villa dirigiu até sua morte, em 1959.

Por mais que se possa ter criticado componentes daquele projeto, o canto orfeônico prestou inestimáveis serviços à formação do brasileiro.

Com a criação do “Guia Prático”, harmonização de 137 cantos populares das diversas regiões, Villa fazia com que o Brasil se conhecesse por meio da música e, ao vocalizá-los, que o jovem se autodisciplinasse. Nessas aulas chegava ao jovem também a informação de um universo musical amplo, assim como o conhecimento da música dos grandes mestres.

Em 1972, o coronel Jarbas Passarinho, então ministro da Educação e Cultura, prestou um desserviço à nação ao extinguir o ensino musical nas escolas, provavelmente temendo o poder feiticeiro, talvez “subversivo” da música.

Nestes 36 anos, não faltaram empenhos para trazer de volta o ensino musical ao jovem, já que essa forma de expressão é a que mais acompanha o ser humano na vida.

Recentemente, a senadora Roseana Sarney apresentou um projeto que alterava a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996, propondo a obrigatoriedade do ensino musical nas escolas. Para surpresa geral, essa proposta foi aprovada rápida e unanimemente no Senado e na Câmara. No dia 18/8, o presidente Lula sancionou esse projeto de lei, dando três anos às comissões de ensino para se adaptarem às exigências pedagógicas estabelecidas nos artigos 1º e 2º dessa lei.

Surge agora o debate de como conduzir a criação de um currículo. Teme-se que comissões de endiabrados “alquimistas” se reúnam por décadas para a elaboração de um monstrengo pedagógico, enquanto outros, sabedores da urgência da aplicação desse ensino, optem pela criação de algo prático e imediato.

Sou da opinião de que se crie uma comissão mínima para debater o assunto, com apoio do Ministério da Cultura, e se elabore um currículo prático e compacto de no máximo dez páginas. Para que, com ele, um músico de formação razoável -sem mil diplomas, licenciaturas ou mestrados!- possa entrar numa sala de aula e exibir vídeos, CDs, fazer as crianças cantarem o “Guia Prático”, conhecer os hinos nacionais, tocar instrumentos simples, talvez fabricados por eles mesmos, baseados nas experiências do método Carl Orff.

Assim, pode-se abrir a mente dos jovens para muitas vivências sonoras e mostrar-lhes como é grande e colorido o mundo musical universal, bem diferente daquele que ele vê na TV.
E que se faça isso rapidamente, antes que o processo de imbecilização coletiva via satélite ganhe essa guerra.

JÚLIO MEDAGLIA , 70, é maestro.
www.juliomedaglia. com.br
http://www.famalia. com.br/boletim/ ?p=5734