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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

10 coisas que as crianças deveriam aprender sobre a escola

Algumas coisas eu gostaria que tivessem me ensinado na escola, sobre a própria escola:


1 - O ensino pode te deixar burro.
O ensino é passado de acordo com o modo capitalista de produção, seguindo a lógica da especialização, mas isto te transforma em uma pessoa com uma visão limitada da realidade. Por isso você aprende história, geografia, matemática, português e literatura como disciplinas isoladas: para que tenha uma visão limitada da realidade e não consiga relacionar os acontecimentos e ter uma visão de mundo distorcida. Resumindo: eles te ensinam errado e não te ensinam oque é importante sobre Hegel, o cara que disse que "ao ver a árvore pode se perder de vista a floresta".

2 - "Estudar muito para conseguir um bom emprego" é um conselho defasado.
O ensino é apresentado de acordo com o modo capitalista de produção, seguindo o modelo que funcionava bem para a revolução industrial. Mas o conselho: "estudar muito e conseguir um bom emprego" está defasado. Uma boa dica de leitura que não vão dar pra você ler na escola, mas é fundamental para seu sucesso: "Pai Rico, pai pobre", de de Robert Kiyosaki e Sharon Lechter.

3 - O primeiro e o segundo grau não servem para nada, nem para passar no vestibular.
Você precisará de cursinho preparatório, mesmo que seja um bom aluno. Gostaria que tivessem me explicado isso, e que tivesse a opção de escolha. Já que o cursinho é inevitável, eu faria um supletivo do segundo grau , e o tempo anterior, eu teria estudado música, arte, literatura, fotografia, alemão, francês, coisas que eu uso de verdade.
4 - Estão fazendo do seu cérebro um computador sem CPU.
Quando eu era criança, não era conhecida a conversa sobre "inteligência emocional", nem sobre "inteligências múltiplas". Teria evitado muitos conflitos profissionais e aborrecimentos desnecessários. Mas continua sendo assunto desconhecido no segundo grau. Claro, é psicologia! Mas os alunos estão sendo preparados pra que? Não é pra vida profissional? Não , não é. Estão sendo preparados para nada. Estão apenas recebendo informações sem propósito nenhum. Ah! Se eu soubesse que estavam fazendo do meu cérebro um depósito de informações sem dar a ele a capacidade de processar tudo isso...

5 - Definitivamente, você não pode saber oque quer. Se souber, é mera coincidência.
As grandes decisõs são tomadas a partir dos 21 anos. Explico. Há uma área do cérebro que é responsável pela tomada de decisões importantes. Esta área só está completamente formada por volta dos 21 anos. Assim, um adolescente não pode saber oque quer da vida. Mas se contassem isso, as empresas que fazem orientação vocacional estariam enrascadas.
6 - A escola não te ajudará em nada, caso você seja um artista.
A maioria das professoras do primeiro grau não fez curso algum de arte-educação, não são artistas, não vão a museus, não tem convivência com arte e ganham muito mal para comprar os caros livros de arte. Se na aula de artes você está fazendo desenho para datas comemorativas, investigue: ou você tem uma professora alienada da arte ou você tem uma professora fantástica sendo coagida pela diretora da escola a manter o sistema. Se seu caso é a segunda opção, converse com ela fora da hora de aula e você descobrirá uma mente subversiva da melhor qualidade. E esqueça a preocupação com as notas: este tipo de professora revolucionária não se rende a notas nem a provas.

7 - Não se intimide com a sabedoria dos CDF's, nem com a burrice dos tapados.
Não há como prever o futuro, então, se tiver que aborrecer alguém, seja democrático. Bill Gates estava certo quando , nas suas dez regras para o sucesso, disse: "Seja legal com os CDFs (aqueles estudantes que os demais julgam serem uns babacas). Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar para um deles". mas a frase também é antiga, uma versão atualizada diria para você ser legal com os estudantes imbecis e tapados, porque você pode trabalhar para um deles também, afinal, a indústria do entretenimento faz do um imbecil um milionário da noite para o dia.

8 - A escola não respeita seus horários.
Gostaria que tivessem me explicado sobre o relógio biológico, que a escola nunca respeitou. De quem foi a idéia brilhante de colocar a primeira aula (aquela, às 7:00h da madrugada)?
9 - Não confronte professores malvados.
A coisa mais estúpida que um aluno pode fazer é provocar a ira de um professor. Recomendação especial: se você tem um professor daquele que não gosta de dar aula, que é arrogante, ou burro, não confronte a burrice dele. Se estiver preocupado com seus colegas, ensine a eles depois da aula. Lembro de Miguel, professor de português, que explicou o modo imperativo expulsando da aula o melhor aluno da sala (o aluno o havia corrigido num dos seus muitos erros terríveis de ortografia) e disse: "viram? Isto é o modo imperativo. Eu imperei sobre o aluno". Não confronte este tipo de besta, elas são selvagens e gostam de pegar alguém para exemplo. O bode expiatório pode ser você. "A Arte da guerra", de SunTzu  é uma boa literatura em caso professores belicosos(outro livro que não vão indicar a você na escola, mas está disponível na internet para download).
10 - Aproveite o dia.
Seu tempo na escola será memorável quando você for mais velho. Sim, vai gerar estórias fantásticas para seus filhos, netos, amigos e para os leitores do seu blog. Aproveite. Faça amigos. Quando encontrar um professor maneiro, esqueça a burocracia da disciplina, a zombaria do grupinho de adolescentes e fique amigo dele. Você nunca vai ouvir alguém falando: "saber que a soma dos quadrados dos catetos é igual à hipotenusa mudou a minha vida", ou "minha visão de mundo mudou quando estudei sobre a guerra fria", ou "agora posso entender a importância do conhecimento da tabela periódica". Mas você nunca esquecerá o dia que seu professor falar pra você como é apaixonado pela profissão.


Lya Alves

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Fecharam as cortinas, mas o palco se estende ao céu...

Após o abalo da fatídica noticia fúnebre da partida do célebre Augusto Boal, meus pensamentos e insights artísticos me cobraram feito brasa ao vento para meu manifesto perante tamanha voracidade pela arte.

A figura do escritor genial, do educador essencial e do militante cultural se apresenta em seu ultimo ato, mas seu legado, seus seguidores e suas pegadas de pesquisa nessa terra, triunfarão sob as mentes, que como ele, se preocupam com as mobilizações que a arte provoca.

Eu, em minhas tantas pesquisas artísticas, em minhas atuações a frente da TRUPE ORTAÉTICA DE TEATRO PERFORMÁTICO, me deparei diante da escrita poética desse escritor necessário para os que de fato contemplam o teatro como um jogo, como uma percepção social, li nas entrelinhas de seus livros a paixão pelo espetáculo que é viver.

Pessoas como o velho Boal não merecem um minuto de silêncio, merecem uma vida inteira de barulho, pois sua arte não se cala jamais, sua vontade em sacudir cérebros alheios não dormirá nunca e sobretudo o barulho harmonioso que sua trajetória artística nos deixou ecoará pelos quatro cantos do mundo, principalmente no mundo que há em cada um de nós.

Emergir para a eternidade é conseqüência desse mito brasileiro.

Seu teatro do oprimido coagiu opressores, vislumbrou utopias cada vez mais possíveis e foi mais que um comprimido de combate a inércia.

Que os Deuses teatrais lhe cortejem por novos caminhos e que me inspirem sempre a escrever páginas novas desse teatro peculiarmente humano, como mais um entre tantos de seus seguidores.

Professor Tiago Ortaet
tiagoortaet@yahoo.com.br
02/05/2009

quinta-feira, 26 de março de 2009

POÉTICA CÊNICA EM TEXTO RELACIONAL - Um relato de Augusto Boal

Somos todos atores...

Teatro popular, teatro contestatório, teatro interativo, teatro educativo, teatro legislativo, teatro terapêutico... em outras palavras, Augusto Boal.


O diretor brasileiro de renome mundial é o autor, este ano, da mensagem do Instituto Internacional do Teatro (IIT) elaborada em comemoração ao Dia Mundial do Teatro, celebrado em 27 de março. Inventor do Teatro do Oprimido e do personagem denominado “espect-ator”, Boal nos convida a subir no palco da vida para criar um mundo onde a dualidade opressores/oprimido será abolida.


Teatro não pode ser apenas um evento - é forma de vida!

Mesmo quando inconscientes, as relações humanas são estruturadas em forma teatral: o uso do espaço, a linguagem do corpo, a escolha das palavras e a modulação das vozes, o confronto de idéias e paixões, tudo que fazemos no palco fazemos sempre em nossas vidas: nós somos teatro!

Não só casamentos e funerais são espetáculos, mas também os rituais cotidianos que, por sua familiaridade, não nos chegam à consciência.

Não só pompas, mas também o café da manhã e os bons-dias, tímidos namoros e grandes conflitos passionais, uma sessão do Senado ou uma reunião diplomática – tudo é teatro.

Uma das principais funções da nossa arte é tornar conscientes esses espetáculos da vida diária onde os atores são os próprios espectadores, o palco é a platéia e a platéia, o palco. Somos todos artistas: fazendo teatro, aprendemos a ver aquilo que nos salta aos olhos, mas que somos incapazes de ver, tão habituados estamos apenas a olhar. O que nos é familiar torna-se invisível: fazer teatro, ao contrário, ilumina o palco da nossa vida cotidiana.

Verdade escondida...


Em setembro do ano passado fomos surpreendidos por uma revelação teatral: nós, que pensávamos viver em um mundo seguro, apesar das guerras, genocídios, hecatombes e torturas que aconteciam, sim, mas longe de nós, em países distantes e selvagens, nós vivíamos seguros com nosso dinheiro guardado em um banco respeitável ou nas mãos de um honesto corretor da bolsa quando fomos informados de que esse dinheiro não existia, era virtual, feia ficção de alguns economistas que não eram ficção, nem eram seguros, nem respeitáveis.
Tudo não passava de mau teatro com triste enredo, onde poucos ganhavam muito e muitos perdiam tudo. Políticos dos países ricos fecharam-se em reuniões secretas e de lá saíram com soluções mágicas. Nós, vítimas de suas decisões, continuamos espectadores sentados na última fila das galerias. Vinte anos atrás, eu dirigi Fedra de Racine, no Rio de Janeiro.
O cenário era pobre: no chão, peles de vaca; em volta, bambus. Antes de começar o espetáculo, eu dizia aos meus atores: "Agora acabou a ficção que fazemos no dia-a-dia.
Quando cruzarem esses bambus, lá no palco, nenhum de vocês tem o direito de mentir.

Teatro é a Verdade Escondida". Vendo o mundo além das aparências, vemos opressores e oprimidos em todas as sociedades, etnias, gêneros, classes e castas, vemos o mundo injusto e cruel.

Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida. Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!


Augusto Boal

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Criança e Arte-Educação

Trupe Ortaética de Teatro Performático - 2009

Inscrições abertas para novos integrantes
INSCRIÇÕES ATÉ28/02

O teatro é uma experiência enriquecedora, colabora no desenvolvimento do ser humano, independente se o jovem tem ou terá relações profissionais com a arte; pois a cultura é saudável para todos.
Temos 4 turmas de teatro e você pode fazer parte de uma delas:
Obs.: Tudo é totalmente gratuito!!!
Mas cobramos o valor das idéias, o amor incondicional pelas artes e outros valores que não tem preço!
PARA INSCRIÇÃO DE MENORES UM DOS RESPONSÁVEIS DEVERÁ ACOMPANHÁ-LO PARA ASSINAR. É INDISPENSÁVEL 01 FOTO 3X4.

OFICINA TEATRAL
Turma A
PERÍODO: TARDE
Quintas-feiras das 13:30 às 16h
Adolescentes de 12 a 17 anos
35 VAGAS

OFICINA TEATRAL
Turma B
PERÍODO: NOITE
Quintas-feiras das 19h às 21h
Adolescentes e Adultos de 12 a 100 anos
35 VAGAS

OFICINA TEATRAL
Turma C
PERÍODO: MANHÃ
Sábados das 08h às 10h
CRIANÇAS de 07 a 11 anos
25 VAGAS

OFICINA TEATRAL
Turma D
PERÍODO: MANHÃ
Sábados das 10h às 13h
Adolescentes e Adultos de 12 a 100 anos
50 VAGAS

Conteúdos, Abordagens e Projetos Artísticos vinculados às aulas:
Aquecimento, Alongamento, Jogos Teatrais, Dinâmicas, Improvisações, Cenas/Esquetes, Exercícios de Voz/Dicção, Expressão Corporal, Relaxamento, Intervenções Urbanas, Performances de Rua, Ensaios, Pesquisas Formais e Informais. Aula-passeio, Visitas à centros Culturais e espetáculos teatrais. Produção do Espetáculo de Pantomima: “PERFEIÇÃO???”

· Nos adicionem no Orkut: TRUPE ORTAÉTICA DE TEATRO PERFOMRÁTICO
· Visitem nossas comunidades : “Vacinação contra o mau humor” e “Trupe Ortaética”
· Vejam nossos vídeos no Youtube e comentem os tópicos do nosso BLOG:
www.trupeortaetica.blogspot.com

Professor Tiago Ortaet (Arte/Educador)
trupeortaetica@yahoo.com.br
Núcleo de Atendimento Comunitário MEU GURI
Avenida Guapira, 920 Tucuruvi – Tel: 2201-7479

Professor Tiago Ortaet
Arte/Educador
011 9686-9692 cel. 1 - Vivo
011 8052-1261 cel. 2 - Oi

domingo, 18 de janeiro de 2009

Texto de Ana Luísa Lacombe sobre Teatro-Educação

Distorções sobre a arte para crianças

Ana Luísa Lacombe
Jornal O Estado de São Paulo, Caderno 2, 06/01/2009
(Originalmente disponível em http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090106/not_imp303019,0.php)

Os tempos realmente mudaram desde que comecei a produzir teatro para crianças, há mais de 20 anos. Houve uma melhora real em termos de possibilidades de se levantar fundos para produzir os espetáculos (editais, concursos, leis de incentivo, etc.). Por conta disso, os grupos tiveram de correr atrás da profissionalização de suas produções. Os artistas tiveram de aprender a apresentar projetos bem elaborados e consistentes em termos de conteúdo e de orçamento. Como todos esses mecanismos para se conseguir dinheiro exigem uma prestação de contas, a organização administrativa das companhias também se aprimorou. Isso fez com que os resultados artísticos das produções fossem cada vez melhores, mais inovadores e ousados.

A imprensa escrita está atenta a esse movimento e tem dado um espaço significativo para divulgação dos espetáculos infantis. Embora outros veículos como a televisão e o rádio não tenham o hábito e o interesse de abrir a sua pauta para essa linguagem artística.

Temos um panorama animador de grupos e produções de alto nível e um público que cresce a cada dia. Mas, apesar dessas conquistas, lidamos ainda com algumas questões que não acompanharam essa evolução e que ainda precisam ser discutidas. O disparate dos valores de cachê dos espetáculos infantis em relação aos espetáculos adultos é uma delas. O teatro infantil "vale menos". Essa diferença reflete outra coisa: o "valor" enquanto arte que se dá às produções infantis. As produções teatrais para crianças não são tratadas como obras de arte. Em geral, são consideradas apenas como entretenimento, lazer ou ferramentas pedagógicas. Assim sendo, a diferença de valor monetário traduz apenas essa distorção sobre o valor artístico das montagens.

Por conta disso, as companhias teatrais têm de se virar para manter a qualidade e o profissionalismo de suas produções, pagando aos profissionais menos do que valem. O teatro infantil ainda depende da boa vontade dos artistas e profissionais envolvidos, que trabalham muitas vezes recebendo pouco ou nada pelos ensaios e um cachê bem enxuto pelas apresentações. Assim, para manter uma companhia teatral, é preciso vender muitos espetáculos para conseguir levantar um montante razoável. Muitas vezes aceitando-se condições precárias, espaços inadequados, maratonas de várias sessões no mesmo dia, às vezes, até, mudando de local. Uma maratona insana para amealhar alguns reais no final. Desgaste da equipe e do equipamento.

Mas a discussão sobre o valor artístico de um espetáculo para crianças não se esgota aí. Pais, professores e, até administradores de teatro muitas vezes não entendem essa questão.

Pensando nisso, podemos discutir esta classificação: "infantil", pois quem decide normalmente que peça assistir são os pais e professores. Os espetáculos, embora sejam direcionados para as crianças, têm de se comunicar e agradar aos adultos também. Ouvimos muitas vezes comentários como: "É para criança, mas sabe que eu gostei muito?" ou "Vocês são ótimos! Deveriam fazer teatro adulto também!" Comentários absolutamente preconceituosos, que revelam que as coisas feitas para crianças, por melhores que sejam, são consideradas menores do que a arte feita para adultos. Por que a criança não tem direito a uma apreciação estética? Por que o que se faz para elas tem de ensinar, distrair, entreter... Por que não podemos levar a reflexão, a atenção, a possibilidade do mergulho na obra em silêncio?

Já ouvi profissionais que contratam teatro infantil comentando um determinado espetáculo: "Não sei se as crianças gostam. Ficam muito quietas... Não participam..." Crianças quietas são o maior sintoma de que estão gostando do que estão vendo. Assistir em silêncio também é participar e interagir. Uma participação mais reflexiva e intimista, sem histeria e gritaria e que, talvez, toque mais fundo em cada um.

Muitas escolas já entenderam o que é teatro e o potencial de significados e conteúdos que se pode explorar a partir de um espetáculo. Mas ainda há um longo trabalho a se fazer. Em outros estabelecimentos de ensino ainda falta a compreensão de que teatro para crianças é arte e, como tal, deve ser tratado e não como "atividade".

Numa escola particular tive a bizarra experiência de ouvir: "Quanto tempo tem a sua peça? É que temos um probleminha com o horário do recreio... Dá para encurtar um pouco?" Claro que eu disse que não seria possível. Um espetáculo tem uma concepção artística que não pode ser retalhada segundo as necessidades do cafezinho dos professores. Pois no meio do espetáculo, a responsável pela biblioteca da escola levantou-se, foi até a frente do palco e colocou um papel no chão onde estava escrito "5 minutos". Não consigo imaginar qual seria a expectativa dela em relação à minha atitude. Segui em frente e fui até o fim, apesar de perceber um movimento e uma falação por parte dos professores na platéia. Perguntei depois o que ela esperava que eu fizesse diante do seu comunicado. A bibliotecária me disse que se demorasse muito os professores iriam se levantar e levar as turmas embora! O espetáculo fazia parte da Semana da Cultura. Eles sabiam o tempo de duração da peça (45 minutos), pois tinham sido informados pelo material enviado. O espetáculo começou no horário programado. O tema do espetáculo era assunto de estudo dos alunos que assistiram. Mesmo assim tivemos essa recepção.

Muitos pais não incluem o teatro no cardápio cultural que oferecem a seus filhos e, sim, no cardápio de recreação. Outros, por sua vez, acompanham o trabalho dos grupos, das produções, estão atentos ao conteúdo e à qualidade dos espetáculos.

Os adultos precisam entender a criança como um ser em formação, que necessita adquirir um repertório estético e artístico para construir seu espírito crítico e saber discernir entre uma obra de arte e um mero entretenimento.

Por tudo isso, quem faz teatro para crianças tem de prestar atenção às suas produções. Temos de atender a quem já tem uma expectativa positiva sobre nossa arte, agregar novos espectadores e torná-los cada vez mais exigentes.

Ana Luísa Lacombe é atriz, diretora artística do Grupo Faz e Conta e membro do Centro de Referência do Teatro para a Infância. Este texto foi escrito originalmente para o 1º Encontro de Teatro Infantil do Teatro Alfa - Discutindo a Cena para Crianças, ocorrido em outubro.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

आर्टनो तेर्सिरो सेटर


PERFORMANCE “SOB CONTROLE”
Remotações Urbanas


Provocação é nosso sobrenome, que não por acaso rima com descontração, manifestação e outras tantas nomenclaturas que as pessoas queiram nos dar.
Ousadia de cada dia!
Todos que se aproximam mergulham nessa alegria. A tristeza conosco ganhou alforria e se despediu da monotonia, agora já refeita e titulada de alegoria.
A Trupe Ortaética de Teatro Performático NÃO orgulhosamente apresenta:
Sociedade dirigida! Guiada e Remexida!
Remexemos os sentidos das coisas; essa é nossa conceitual função!
Remotação!
Qual controle remoto que controla sua escolha? Qual detergente tão forte que lhe aprisiona nessa bolha? Quem lhe obriga a fazer a pose alheia na grande foto? Quem lhe intima a decidir seu voto? Oh sociedade do controle remoto!!!
Sair por aí revelando isso é como ganhar na loto!
“Você luta contra o sistema mesmo dentro dele, por isso não podemos receber títulos de extra-terrestres, pois tudo que criticamos também nos aflige e nos corrói. O importante é que sabemos onde encontrar a dose que apazigua e sana a monotonia; ou a super-dosagem que valida os créditos da autonomia”
Hoje não é só dia de alegria, já pensante abordava a filosofia nua e crua, filosofia de rua.

São Paulo, 18 de Setembro de 2008

Tiago Ortaet
Arte/educador

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Arteirinhos e Arteirões do Professor Ortaet


Meu grupo de alunos (são mais de 80 em 5 diferentes grupos) da ONG MEU GURI são parte integrante e fundamental da TRUPE ORTAÉTICA DE TEATRO PERFORMÁTICO que desenvolve ações teatrais, intervenções de rua e performances na cidade de São Paulo.
Conheçam um pouco mais da "ARTE/EDUCAÇÃO E SUAS RELAÇÕES SOCIAIS" nos nossos canais de comunicação virtual:
www.trupeortaetica.blogspot.com
No orkut e youtube basta digitar por Tiago Ortaet ou o próprio nome do grupo...
Abraços Artísticos a todos e um especial a "mantenedora de potencial sabedoria" minha amiga Selma Moura, digna de toda adimiração! ***Ainda trabalharemos em algum projeto juntos por esse mundão a fora! Saudades!
Tiago Ortaet
tiagoortaet@yahoo.com.br

domingo, 28 de setembro de 2008

Quem tem medo do medo??? Texto poético teatral co-autoria alunos do Ensino Fundamental da Prefeitura de S. Caetano do Sul


ARTE/EDUCAÇÃO EM AÇÃO...

A seguir uma obra poética produzida através de trocas de opiniões, debates, textos e cenas nas aulas de Artes Cênicas que ministro aos alunos de São Caetano do Sul, uma experiência muito significativa na concepção de arte/educação reflexiva com crianças.

Fui o mediador das falas dos alunos e estruturei o texto que inicialmente tinham 10 linhas e a partir disso fomos criando essa história aventureira! Viajamos na fantasia e foi validado planamente o universo infantil... Eles decidriam o início e o fim da história que brevemente se transformará em livro infantil, escrito prioritariamente a apartir do ponto de vista de quem entende bem do assunto: CRIANÇA!

QUEM TEM MEDO DO MEDO???

Otávio é um garotinho muito esperto, mas não sabe ao certo o que está por traz do escuro.
Ele desconfia que seja o gato preto que havia subido em cima do muro.
Ele sabe que no conforto do seu quarto não tem perigo, ele montou uma cabana bacana, cheia de cobertas, essa cabana é seu abrigo, lá é um lugar seguro.
Mas quando chega a noite lá fora vira um lugar escuro. Quem será que mora no escuro?
Otávio pensa em grilos e largatixas, esses bichinhos que vivem no quintal.
No escuro do quintal também moram formiguinhas e cigarras que não fazem nenhum mal.
Certa noite chovia muito, o menino sempre alerta correu pra sua cabana, mas esqueceu a porta aberta e a lanterna em cima da cama.
O vento que balançou a cortina soprou forte e fez um barulhinho...
O garotinho ouviu um grito fino e estridente parecido de menina, correu de volta para seu esconderijo e abraçou seu ursinho.
Era o urso “ALFE” seu protetor, seu amiguinho.
Olhou pela janela e as árvores balançavam na esquina
Otávio preocupado chamou seu papai...
O menino ouviu um uivo de lobo do lado de fora
Tentou acender a luz!
A lâmpada que não acendia
Seus olhinhos arregalados e aquele susto que arrepia
Olhou a hora!
Pensou:
- Meu pai e minha mãe não ouviram muito bem, vou dar um grito!
- Mamãeeeeeeeee!!!!! Papaiiiiiiiiiiiii!
Seus pais chegaram ao quarto assustados
- O que houve filho, por que essa gritaria?
Otávio respondeu:
- Eu estava com medo dos barulhos que estão vindo lá do quintal.
Seu pai teve uma idéia bem legal:
- Meu filho, vou ler para você uma poesia especial.
Há muito tempo atrás um escritor bem divertido inventou essa poesia que parece um samba-enredo, ele ficou escrevendo da noite até no outro dia bem cedo; o nome do livrinho é “Quem tem medo do medo???”

Esses são os versos das crianças corajosas
De crianças inteligentes e cheias de educação
Letras que apresentam histórias caprichosas
Versinhos que parecem uma canção.
Onde moram nossos sentimentos?
Dentro da gente não é Zé Mané?
É o que é! É uma movimentação!
O que tem de bom na nossa imaginação?
O medo é uma ponte quebrada que pode me fazer cair
É uma porta trancada que não me deixa sair
É uma rua não asfaltada que me faz escorregar
É uma escuridão danada que não me deixa enxergar
É uma garota assaltada gritando pra alguém ajudar
Eu tenho medo desses programas que mostram defuntos na TV
Acho que isso é falta de assunto e nem sei pra quê.
Qual é a cor do medo?
Preto, Vermelho, Cinza ou Roxo? É uma cor que nunca vi...
Como ele se apresenta?
Bem devagarzinho, correndo ou coxo? Nem tenho mais medo, acabei de rir...
Que cheiro ele tem? Acho que é fedido...
Ele vem assustando com uma história misteriosa e lenta... Faz meninos e meninas correrem e cada olhinho aumenta!
Meu pedido foi atendido... Não to mais com medo não; percebi que é só apertar a minha mão.
Qual é o jeito que o medo vem?
Jeito esquisito... Mas meu pai já elogiou minha coragem:
- Nossa mas que bonito!
Que forma ele tem?
Parece aquele velhinho lá do armazém...
Como que a gente acaba com o medo de alguém?
Deve ser pensando em coisas boas, eu penso em chocolate, balas, bombons, desenhos e brincadeira, cantiga de roda e ouvir histórias a noite inteira.
O medo é um lugar habitado por quem?
O medo é uma história que ligava a realidade até a imaginação.
Ele vai chegando e mudando a feição?
Não, a minha não!
O medo desperta o ronco das certezas ou alivia o baú da esperteza?
Qual a cor que o medo tem?
Todas juntas?
Qual é a dor que o medo traz?
Todo mundo tem medo ou será que só o neném é que tem?
Até meu pai também se assusta!
Ó meu bem, que mal o medo faz?
Cochichando no ouvido dele,
Diz que vai guardá-lo num baú escondido...
Aposto que ele vai ficar com medo dele mesmo, nesse vai e vem. Medo é apelido!
Quando ele pensar em chegar, você pode se preparar; pegar uma caixinha e colocar o medo dentro, depois coloca-lo do lado de fora.
Aqui ele não vai entrar! Ninguém mais se apavora, por que é hora de poetizar! Versos soltos pra outras histórias contar.
Mas não se esqueça que você tem que todo dia demonstrar...
Os inimigos do medo são o amor, a paz, a alegria, a animação, a educação e a poesia.
Assim ele vai pra bem longe, não vai mais perturbar.
Deixa ele lá, assustado e perdido! Sem saber no que vai dar.
Nada de monstro, nada de bicho fedido, nada de escuro ou assombração!
Nada disso pode ser maior do que a bondade do coração.

*Professor Tiago Ortaet e alunos do 2º ano do Ensino Fundamental - Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul