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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Pós-Graduação em Educação Lúdica, em SP


(Clique na imagem para ampliá-la, ou no título para ir ao site)

Mestrado em Estética e História da Arte, na USP

Estão abertas as inscrições para o processo seletivo do curso de Mestrado em Estética e História da Arte na USP

As inscrições podem ser feitas de 15 a 30 de outubro.

Maiores informações em www.usp.br/pgeha e www.mac.usp.br
(ou clique no título desta postagem para ser redirecionado)

sábado, 6 de junho de 2009

Pós-Graduação no Instituto de Estudos da Criança, em Portugal

Mestrados e Doutoramento no Instituto de Estudos da Criança - Candidaturas
O Instituto de Estudos da Criança (IEC) oferece, a par dos seus cursos de graduação (Educação Básica, Educação de Infância e Ensino Básico do 1º Ciclo), a formação em pós-graduação, sob a forma de Cursos de Mestrado e de Doutoramento em Estudos da Criança.

Doutoramento em Estudos da Criança - Candidaturas online de 22 de Junho a 4 de Julho de 2009.
As candidaturas aos cursos de Mestrado do Instituto de Estudos da Criança realizam-se de 1 a 19 de Junho de 2009.
As candidaturas ao Mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica no Ensino Básico realizam-se de 17 de Agosto a 8 de Setembro.
As candidaturas a todos os mestrados serão on-line através do Portal Académico (http://alunos.uminho.pt)

Mestrados em Estudos da Criança – Área de Especialização em:
Ensino e Aprendizagem da Matemática
Educação Física e Lazer
Tecnologias de Informação e Comunicação
Promoção da Saúde e do Meio Ambiente
Intervenção Psicossocial com crianças, jovens e famílias

Mestrado em Sociologia da Infância

Mestrado em Animação Teatral

Mestrados em Educação Especial - Área de Especialização em:
Dificuldades de Aprendizagem Específicas
Intervenção Precoce

Prova de acesso (obrigatória): A prova é de escolha múltipla e os conteúdos da prova escrita constam de quatro componentes: Analogias, antónimos, raciocínio analítico e raciocínio matemático.
Data da prova escrita: 27 de Junho de 2009 às 10 horas

Mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica no Ensino Básico
Candidaturas: 17 de Agosto a 8 de Setembro
Prova de acesso (obrigatória) : Prova escrita e oral de língua portuguesa. Datas: 21/9 (prova escrita); 28/9 (prova oral)

Informações:
Instituto de Estudos da Criança
Campus de Gualtar, 4710-057 – Braga
Tel: 253 601 200 | Fax: 253 601 201
Email: posgrad@iec.uminho.pt

(Notícia recebida da Rede Cultura Infância - www.culturainfancia.org.br e http://br.groups.yahoo.com/group/culturainfancia)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Dica de artigo

Olá, colegas Arteirinhos e Arteirões,

Gostaria de compartilhar com vocês um texto meu que está saindo na revista Digital Art& desse mês.

O título é "Quem de repente aprende: Uma experiência de formação continuada em artes com professoras polivalentes na educação infantil". Foi escrito originalmente como monografia do meu curso de especialização em linguagens das artes no Centro Universitário MariAntonia da USP.

O texto apresenta uma reflexão sobre o trabalho de professoras polivalentes na educação infantil, como o título já diz. Eu discuto como é possível a uma pedagoga que não tem formação específica em artes desenvolver um trabalho nessa área.

Para quem se interessar, segue a referência:
Revista Digital Art& -Ano VI - Número 10 - Novembro de 2008.
http://www.revista.art.br/site-numero-10/trabalhos/18.htm

Abraços,

Selma

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Propostas para a arte na educação infantil, texto de Silvia Sell Duarte Pilloto

Compartilho esse texto como base para uma reflexão sobre o papel da arte com as crianças pequenas.
Há muitos outros textos interessantes no mesmo site, do Instituto Arte na Escola. Confira em http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos.php
Abraço,
Selma

Propostas para a arte na educação infantil
Silvia Sell Duarte Pillotto

coordenadora pedagógica do Projeto Institucional Arte na Escola / Univille, e Letícia Coneglian Mognol, pesquisadora*
Disponível em http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=24

A linguagem da arte na educação infantil tem um papel fundamental, envolvendo os aspectos cognitivos, sensíveis e culturais. Até bem pouco tempo o aspecto cognitivo não era considerado na a educação infantil e esta não estava integrada na educação básica. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96 veio garantir este espaço à educação infantil, bem como o da arte neste contexto.

Para compreender a arte no espaço da educação infantil no momento atual, mesmo que brevemente, é preciso situar o panorama histórico das décadas de 80 e 90. Os referenciais que fundamentavam as práxis do profissional da educação infantil eram os Cadernos de Atendimento ao Pré-escolar (1982), criados pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC. Os textos destes Cadernos para aquele momento histórico tiveram contribuição fundamental como subsídio para as ações dos educadores atuantes na educação infantil. Entretanto, vale ressaltar que pouco priorizavam o conhecimento, centrando-se apenas nas questões emocionais, afetivas e psicológicas e nas etapas evolutivas da criança. Com relação à arte na educação, os pressupostos eram muito mais voltados à recreação do que às articulações com a arte, a cultura e a estética. Como exemplo, é possível citar a ênfase em exercícios bidimensionais que priorizava desenhos e pinturas chapadas. Ou seja, os conceitos sobre arte resumiam-se a simples técnicas. De acordo com PILLOTTO (2000, 61) “é interessante observar que esse Caderno, embora tenha uma fundamentação teórica voltada às concepções do ensino da arte modernista, na sua essência é muito mais tecnicista no que diz respeito aos exercícios repetitivos, mecânicos e sem a preocupação com a reflexão dos conceitos”.

Na década de 90, o MEC lança o Caderno do Professor da Pré-Escola, com uma abordagem contextualista, na qual a arte deixa de ser tratada apenas como atividade prática e de lazer, incorporando o ato reflexivo. Apesar dessas transformações, a arte permanecia ainda com foco em abordagens psicológicas e temáticas. A arte na educação infantil nesta década ainda buscava uma consistência teórica, conceitual e metodológica.

A partir de 2000 as discussões reflexivas sobre a arte na educação infantil ganham novos espaços na literatura, nas propostas curriculares e especialmente na pesquisa. É com este propósito que em 2002 iniciou-se na Universidade da Região de Joinville a pesquisa “O Programa Institucional Arte na Escola e sua dimensão no ensino e aprendizagem da arte”. O objetivo desta pesquisa é avaliar reflexivamente as ações dos programas de educação continuada para profissionais da educação, no intuito de perceber os aspectos frágeis com relação a arte no contexto escolar, diagnosticando a realidade para construir coletivamente novas proposições.

A pesquisa tem apontado a necessidade de novos constructos* para a arte na educação infantil, no sentido de desenvolver práxis nas quais haja a total integração do profissional da educação infantil, do profissional da arte na educação, das crianças, da instituição e da comunidade. Esta abordagem tem se mostrado eficiente e consolidada para a educação infantil na Itália, sendo disseminada em outros países. Obviamente, entende-se que cada espaço possui especificidades próprias que devem ser respeitadas. Portanto, a idéia não é a de adotar modelos estrangeiros, mas de tê-los como possibilidade de referência.

A partir desta pesquisa, a proposta é apontar constructos (a curto, médio e longo prazos), nos quais cada instituição de educação infantil tenha um profissional habilitado no ensino da arte, capaz de desenvolver projetos pedagógicos em parceria com os demais educadores, enfatizando os aspectos cognitivos, sensíveis e culturais em arte.

Nesta perspectiva, entende-se por novos constructos propostas que partem de uma visão de currículo não linear ou sistêmico, considerando o contexto histórico-social, as necessidades e interesses das crianças, no qual educadores, crianças, instituição e comunidade desenham um currículo que parte do trabalho coletivo.

O planejamento no currículo, a partir da perspectiva sistêmica, pressupõe como método de trabalho no qual professores “apresentam objetivos educacionais gerais, mas não formulam objetivos específicos para cada projeto ou atividade de antemão. Em vez disso, formulam hipóteses sobre o que poderia ocorrer com base em seu conhecimento das crianças e das experiências anteriores.” (RINALDI: 1999,113).

A partir desta visão, especificamente para a arte na educação infantil está o educador em arte, que atua em consonância com os demais educadores da instituição, aprofundando conceitos e linguagens da arte. A função do profissional em arte na educação não é simplesmente ministrar aulas fragmentadas de arte, mas, sobretudo de organizar um espaço de cultura que possibilite a ampliação das expressões e das linguagens da criança. No que este espaço contribui? “Ajuda que os professores compreendam como as crianças inventam veículos autônomos de liberdade expressiva, de liberdade cognitiva, de liberdade simbólica e vias de comunicação”. (VECCHI: 1999, 129)

Como historicamente pode-se observar, a arte na educação infantil possuía um perfil de recreação e de desenvolvimento emotivo e motor. Hoje, a arte na educação infantil está em processo de rupturas e transformações, exigindo das políticas educacionais, dos cursos de Formação de Professores, especialmente das Licenciaturas em Arte, um comprometimento com os aspectos cognitivos, sensíveis e culturais.

Cabe então, a todos os profissionais que atuam direta ou indiretamente com o ensino da arte, uma reflexão não somente dos processos de sala de aula, mas também do seu papel como cidadãos, protagonistas de uma história.


Referências bibliográficas

GANDINI. Lella & EDWARDS, Carolyn. Bambini: a abordagem Italiana à educação infantil. Trad. Daniel Etcheverry Burguño. Porto Alegre: ArtMed, 2002.

EDWARDS, C., GANDINI, L., FORMAN, G. As cem linguagens da criança: abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: ArtMed, 1999.

PILLOTTO, Silvia S.D. A trajetória histórica das abordagens do ensino e aprendizagem da arte no contexto atual. Revista Univille, V.5, n.1, abr, 2000.

RINALDI, Carlina. O Currículo Emergente e o Construtivismo Social. IN: EDWARDS, C., GANDINI, L., FORMAN, G. As cem linguagens da criança: abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: ArtMed, 1999.

VECHI, Vea. O Papel do Atelierista. IN: EDWARDS, C., GANDINI, L., FORMAN, G. As cem linguagens da criança: abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: ArtMed, 1999.

* Silvia Sell Duarte Pillotto, Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná e Doutoranda em Engenharia da Produção (Gestão) na Universidade Federal de Santa Catarina, é professora dos Departamentos de Artes Visuais e Pedagogia na Univille, além de coordenadora pedagógica do Pólo Arte na Escola e coordenadora da pesquisa "O Programa Institucional Arte na Escola na região de Joinville e sua dimensão no ensino e aprendizagem da arte". Letícia Mognol, Mestranda em Educação na Universidade do Vale do Itajaí, é professora do Departamento de Artes Visuais da Univille e pesquisadora do mesmo projeto.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Os novos pincéis

Revista Educação - Edição 138

Ferramentas atuais para o ensino se estendem desde as novas tecnologias, como a internet, até o avanço do trabalho pedagógico feito por museus
*Carmen Guerreiro*

Arte se ensina com arte. Mais de 20 anos após esse conceito ser tratado em livros como O ensino por meio da arte (Perspectiva) e Tópicos utópicos (ComArte), ambos da professora Ana Mae Barbosa, que abordava a importância da presença da imagem no ensino do objeto artístico, a discussão atravessou a barreira do século 21 e atingiu um patamar mais alto. Entre os novos atores deste ato estão os museus, por um lado, que vêm aprofundando o trabalho de formação de professores, e as novas tecnologias, por outro, que ampliam as possibilidades da arte-educação com a oferta de ferramentas sintonizadas ao mundo digital e a possibilidade de utilização de novas formas de construção de conhecimento.

O mais atual exemplo da ampliação do alcance das ferramentas no ensino da área é a midiateca lançada pelo Instituto Arte na Escola no último mês de junho. Desde que entrou no ar no site da entidade (www.artenaescola. org.br/midiateca ), já obteve mais de 17 mil acessos, número que tende a crescer. A plataforma, por enquanto, é uma base digital para o material pedagógico da organização, que tem como objetivo divulgar e qualificar o ensino da arte - em especial a brasileira. Já fazem parte desse banco de dados 98 materiais, os quais exploram pedagogicamente instituições, artistas, obras, teorias e publicações. A maior parte do acervo é composta pela dvdteca, conjunto de vídeos digitalizados. "A riqueza da midiateca está justamente no acesso a todo um universo de possibilidades, sem estar preso a um só material. Isso amplia as opções e permite que o professor trabalhe com diversas metodologias e abordagens. De alguma forma, queremos que ele alcance mais rápido os resultados desejados", explica Monica Kondziolková, coordenadora de Comunicação do Instituto Arte na Escola.

A equipe dedicou um longo tempo de pesquisa para avaliar a forma como os educadores costumam utilizar ferramentas de busca na hora de planejar a aula. Uma bibliotecária foi encarregada de organizar o banco de dados e, assim, para cada elemento introduzido é necessário realizar um novo estudo e criar outro universo de palavras-chave. Por isso, o trabalho ainda caminha a passos lentos, levando em conta a quantidade de conteúdo que ainda precisa ser inserido. "Esse é o primeiro passo de um longo caminho. O objetivo principal é aumentar a acessibilidade, para que o material chegue ao maior número possível de pessoas", observa Denise Grinspum, gerente-geral do instituto. Com a ampliação do público, a etapa seguinte é elaborar instrumentos feitos especialmente para o espaço da internet. "A Midiateca transformou algo físico em virtual. O que já tínhamos foi postado e adaptado, mas não foi feito para aquele tipo de ambiente. Nosso desafio é desenvolver ferramentas mais adequadas, que tenham recursos mais dinâmicos",completa.

Na prática, a iniciativa da organização centraliza referências para o ensino da arte. Duas questões essenciais, porém, tornam o material diferente do que há disponível na web. A primeira é o fato de os trabalhos serem desenvolvidos especialmente para educadores, visando a formação do profissional. "A educação continuada é nosso grande desafio. Apenas dar acesso ao material não garante que o professor terá uma proposta interessante, porque ele vai trabalhar somente com o próprio repertório. Não adianta só oferecer o conteúdo, é preciso capacitar", argumenta Monica.

De que fonte beber? Não faltam opções na hora de buscar referências para aprimorar a formação do arte-educador. Lúcia Pimentel, da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e secretária-geral do Conselho Latinoamericano de Ensino de Arte, avalia que as melhores fontes hoje são os museus, a imprensa e a internet, com a educação a distância. A produção acadêmica também é vasta e a pesquisa na área continua em expansão. "Outra questão é a criação de redes e realização de congressos. Graças a isso, temos acesso a discussões e materiais feitos por pesquisadores internacionais e outros profissionais que não podemos encontrar pessoalmente" , afirma.

As redes de conhecimento são a melhor maneira de formar professores para a arte-educadora Ana Mae Barbosa, decana da área. "A discussão é fundamental. Só aprendemos uns com os outros", opina. "Fico animada com esses educadores jovens de museus. Se não têm um curso de formação, criam redes de educadores culturais e debatem como ampliar seu conhecimento, trocando indicações."A segunda questão é a credibilidade das informações, debate constante quando o assunto é internet. "O professor pode até usar o Google, mas temos todo o material que ele procura pronto para baixar. O público sabe que é um site confiável, em que ele vai encontrar propostas interessantes" , afirma Denise. Para a arte-educadora, o fato de hoje a internet ser muito utilizada faz com que se torne cada vez mais funcional. "O problema é que, por mais didática que seja, precisa de ações mediadoras para que se possa usá-la de maneira mais rica", diz.

Suportes variados

A arte-educadora Lúcia Pimentel, professora associada da Escola de Belas Artes da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e secretária- geral do Conselho Latinoamericano de Ensino de Arte, acredita que as tecnologias modernas, tais como a câmera digital, o computador e a internet, são excelentes instrumentos para ampliar as possibilidades do ensino da arte. Entretanto, pondera: "A arte sempre usou o que havia à disposição para o seu ensino. Não é possível fazer uma pintura a óleo no computador, tampouco uma pintura digital com tinta a óleo. Existe uma diferença grande, porém, do computador como mecanismo de busca ou ferramenta pura e simplesmente, para um instrumento capaz de desenvolver o pensamento em arte ou um trabalho de elaboração de uma obra de arte". Para a especialista, a informática tem um grande potencial no ensino da arte, que nem sempre é bem aproveitado. "A tecnologia faz com que produções mais complexas possam ser executadas por mais gente e com mais facilidade. Mas sua utilidade depende da maneira como será usada, pensada e do conhecimento que pode ser gerado a partir de sua aplicação", diz. Lúcia defende que, para melhor explorar as novas tecnologias, é preciso um preparo para chegar a fontes de referência distantes no mundo físico e entender como trabalhar essas informações.

Essa é a opinião compartilhada pela arte-educadora Ana Mae Barbosa. Titular aposentada da Universidade de São Paulo e professora da Universidade Anhembi Morumbi, foi pioneira no pensamento sobre arte-educação no Brasil e acompanha ativamente o desenvolvimento atual da área. "O computador veio acrescentar uma excelente gama de possibilidades. Isso é ótimo, desde que seja trabalhado continuamente com o aluno, de forma a organizar suas idéias e seus conceitos de mundo. Tenho resistência à pedagogia da oficina sem continuidade, porque o resultado do trabalho da arte vira pura brincadeira" , critica.

Apesar da conclusão das especialistas de que, no ensino da arte-educação, é importante explorar as novas tecnologias não só como ferramentas, mas também como meios de formação do professor e de desenvolvimento do aluno, ainda são poucas as instituições especializadas no tema que se aproximam desse ideal. O Instituto Arte na Escola, com a midiateca e outras iniciativas, é uma das que seguem tal caminho. Entretanto, existem outros projetos abertos ao público, tanto para docentes como para estudantes, que não se propõem a trabalhar pedagogicamente conteúdos de arte-educação, mas sim a formar uma base sólida e aprofundada de referência. A partir desses ricos bancos de dados, é possível buscar informação e estruturar o plano de aula.

A proposta é outra, mais independente e com um foco diferente. Esse é o trabalho feito pelo Instituto Itaú Cultural com suas enciclopédias digitais de arte, no ar desde 2001 e em constante aprimoramento desde então.A primeira lançada foi a de Artes Visuais, que sistematiza informações sobre conceitos, obras, artistas, eventos, instituições e história do segmento. O acervo virtual, com mais de 3 mil verbetes e 12 mil imagens, está voltado para a arte ligada ao Brasil, tanto de produção nacional quanto estrangeira. Além dessa, hoje a organização já mantém as enciclopédias de arte e tecnologia, literatura brasileira e teatro. Com o sucesso da empreitada, que rende em média 400 mil acessos mensalmente, a entidade está trabalhando para lançar em 2009 as enciclopédias de dança, cinema e música.

Museu Lasar Segall, que desenvolve ações educativas desde 1985: foco na independência do professor

O objetivo inicial do projeto era divulgar a arte e cultura brasileira para a população em geral, não especificamente professores. Mas Tânia Rodrigues, gerente do Núcleo de Enciclopédias, recebe diariamente demandas de educadores e alunos que pedem ajuda com a abordagem de determinado tema. "É bacana porque conquistou a confiança das pessoas, que procuram informações no nosso site. Nosso grande desafio é justamentea tender a um público diverso, porque tentamos trabalhar com a noção de linguagem acessível para todas as pessoas e fazer com que os textos produzidos não sejam rasteiros a ponto de desinteressar especialistas, mas não sofisticados demais para a molecada", afirma Tânia. Apesar disso, as enciclopédias não pretendem servir como fonte única de dados. "Sempre oferecemos outras referências de bibliografia complementar, para as pessoas saírem dali com uma base e encontrarem outros recursos. Usar as enciclopédias sozinhas como referência não faz sentido", esclarece.

Além das enciclopédias, o Itaú Cultural mantém um núcleo de Educação Cultural, responsável pela coordenação das visitas monitoradas ao Museu da Numismática, um acervo de moedas, medalhas e condecorações luso-brasileiras. Na equipe de educadores, há pedagogos, cientistas sociais, historiadores e artistas plásticos, que não só orientam o público da exposição, mas também evidenciam questões propostas pelas obras.

Museu não é depósito

A evolução dos centros educacionais nos museus é outra parte importante no campo de mudanças recentes nas práticas arte-educativas e na relação da escola com seu entorno cultural. O trabalho do núcleo de educação do Itaú Cultural se enquadra nesse grande movimento das instituições museológicas que há tempos deixaram para trás a visão de que seu papel no ensino da artese limita a visitas guiadas e pouco aprofundadas pelo acervo. Dentro da nova postura, os museus variam entre a produção de material pedagógico, a formação continuada de professores e a oferta de cursos voltados para o ensino da arte."O museu não é um lugar para guardar coisas ou para ditar normas estéticas do que é arte. O papel tem de ir muito além disso, mas as escolas ainda não aproveitam o potencial desses espaços. Os museus têm trabalhado a questão da formação continuada de professores e, por isso, têm uma função importante na construção do conhecimento em arte", avalia Lúcia. A especialista acredita que a ação dos museus ajuda também a valorizar o arte-educador, não só como alvo das atividades, mas como profissional da equipe institucional. Ana Mae, porém, alerta para o fato de muitos museus desenvolverem ações diversas com boas propostas apenas aparentemente, mas que, no fundo, não se aprofundam nas questões do ensino da arte. Para ela, é essencial que a instituição complemente seus projetos com publicações. "Existe muito trabalho bom, mas também muita ficção. O que há de bom conseguimos avaliar por causa do material produzido. Nenhum departamento de educação em museu pode ser considerado bom se não produzir um trabalho impresso para os professores e alunos", afirma.

A Pinacoteca do Estado de São Paulo segue o conselho. Desenvolveu duas publicações, uma voltada à prática pedagógica e outra destinada ao público em geral, com o objetivo de oferecer uma visita independente. O material deapoio produzido é a base do trabalho de formação de professores, uma das iniciativas da Ação Educativa do museu, e visa aprofundar o conhecimento sobre o acervo, trazer referências de leitura, incentivar a reflexão sobre as possíveis leituras das obras e estudar como levá-las para a sala de aula. Os encontros são realizados regularmente e o material pode ser retirado no próprio museu. Mila Chiovatto, coordenadora do Núcleo de Educação da Pinacoteca, explica que o objetivo da iniciativa é, além de qualificar a experiência do contatoc om a obra de arte, aumentar o perfil do público visitante. Os professores têm um papel fundamental nesse processo. "Eles são mediadores entre o museu e os alunos. Quando descobrem em si o prazer e o potencial pedagógico da obra de arte, são capazes de traduzir a mesma impressão para os estudantes", justifica. Segundo Mila, a visita educativa nos museus vem se transformando nos últimos tempos por conta de uma própria mudança da instituição museológica, que sempre teve o foco na preservação de obras e hoje se voltap ara outra função, a de comunicar. Nesse novo panorama, a ação pedagógica é fundamental. "O museu faz parte do processo educativo do cidadão. E se não faz, deve fazer", diz.

A visão de que o museu é um espaço dinâmico de educação e conhecimento, e não de conservação e pó, é defendida também pelo Instituto Tomie Ohtake. Com uma equipe de sete educadores, a entidade oferece diversos cursos e atividades voltadas para professores e a arte-educação. Os profissionais pesquisam constantemente o tema e novas formas de ensinar. "Apesar de a formação em artes ter se desenvolvido muito nos últimos anos, ainda é carente, e por isso as instituições culturais acabam cumprindo o papel de formação do educador. Isso é fundamental, porque a única maneira de o ensino da arte chegar de forma consistente na sala de aula é fazer um acompanhamento das práticas didáticas dos professores e investir na formação", analisa Stela Barbieri, diretora da Ação Educativa do instituto.

O papel dos museus

De 23 a 26 de outubro, a arte-educadora Ana Mae Barbosa organiza, no Rio de Janeiro, o Encontro Internacional Arte/Educação como Mediação. O evento éuma chance de conhecer as novas experiências em arte-educação, com foco no papel dos museus no ensino da arte, além de oferecer a possibilidade de entender o que especialistas estrangeiros pensam sobre o assunto. O encontro é gratuito e será realizado no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro. Informações pelos telefones (21) 3808-2070 / 2254 ou pelo e-mail seminariodearteeduc acao@sapotievent os.com.br.
A visita guiada é a menor das atividades do espaço, que recebe mais de mil pessoas por semana com seus cursos. Uma das iniciativas envolvendo as exposições é um encontro de duas horas, no qual a equipe do museu orienta em relação à exposição, que se renova a cada dois meses, e trabalha, com material pedagógico, formas de dar continuidade em sala de aula. Outro projeto é a organização de ateliês que unem diversas mostras sob um único foco. Por exemplo, uma exposição de fotografia, uma de gravura e outra de pintura, trabalhadas juntas sob a perspectiva da luz nas obras.

Outros cursos de longa duração abordam assuntos específicos, como o de introdução ao ensino da arte contemporânea (um semestre), curso de gravura (dois anos) e de formação de arte-educadores (três anos). A diversidade é compatível com o objetivo do instituto de investir no professor. "É essencial ter um professor curioso, autônomo, que estruture um planejamento que faça sentido para ele e passe pelas questões da arte", afirma Mariana Francoio, coordenadora dos educadores da Ação Educativa.

Estimular a independência do professor é também o foco do Museu Lasar Segall, que desenvolve ações educativas desde 1985. "Nossa intenção é de fazer com que o professor tenha mais autonomia, para que ele desenvolva o próprio trabalho e volte mais vezes", diz Anny Lima, coordenadora da Ação Educativa do museu. Hoje, por meio de cursos e palestras, trabalha com atividades em três planos: formação de professores, incentivo de visitas familiares e o Museu Comunidade, para grupos específicos - desde o atendimento a deficientes até o público de centros de reabilitação juvenil.

Além de oferecer cursos e apoio pedagógico a professores, o Masp (Museu deArte de São Paulo) mantém também a Escola do Masp, um centro de ensino da introdução, fundamento, história e crítica da arte, aberto a todos ospúblicos. "Damos informação sobre o contexto das obras e, a partir dessa base, o professor adquire mais informação para utilizar o conhecimento em sala de aula", explica Silvia Meira, coordenadora da escola, para quem existe uma lacuna na formação em história da arte no Brasil. Por isso, diz, esse conteúdo é fundamental para a formação dos arte-educadores.

Para Ana Mae Barbosa, saber a teoria da arte faz diferença na hora de ensinar. "É muito importante o embasamento do professor. Ensinar teoria para aluno não tem o menor sentido. O essencial é levar para ver a obra de arte, os programas de televisão e os comerciais, por exemplo. Isso ajuda a desenvolver a capacidade crítica não só para a arte, mas para outras áreas", observa.

Para saber mais

A quantidade de páginas da internet voltadas à discussão da arte-educação ou com referências sobre o tema é grande, porém são poucas as que oferecem ferramentas simples, práticas e conteúdos completos e confiáveis. Eis algumas:

Instituto Arte na Escola:
www.artenaescola.org.br
Além de trabalhar abordagens pedagógicas do ensino da arte, conta com um banco de dados multimídia e uma extensa lista de sites que podem servir como referência.

Enciclopédia de Artes Visuais Itaú Cultural:
www.itaucultural.org.br/enciclopedia
Traz um dinâmico conteúdo que aborda artistas, obras, movimentos artísticos, eventos e marcos na história da artebrasileira.

Instituto Tomie Ohtake:
www.institutotomieohtake.org.br/programacao/cursos/tecursos.htm
Oferece cursos e outras atividades de formação de professores voltados para o ensino da arte.

Ação educativa de museus:

Pinacoteca do Estado - www.pinacoteca.org.br/?pagid=acao_educativa
Masp - http://masp. uol.com.br/ escoladomasp/
Museu Lasar Segall - www.museusegall. org.br
http://revistaeduca cao.uol.com. br/textos. asp?codigo= 12531-
Anderson Leitão http://andersonleit ao.googlepages. com

domingo, 28 de setembro de 2008

Metodologia Zig Zag, texto de Ana Mae Barcosa

Recebi esse texto de uma colega virtual, e como gostei muito, compartilho com vocês.
É uma atualização da abordagem triangular no ensino de artes.
Um abraço,
Selma

ZIG/ZAG, Arte/Educação e mediação

Ana Mae Barbosa.

Arte/Educação é principalmente mediação entre Arte e público. Portanto, compreende o esforço de um mediador ou educador em facilitar, estimular, ampliar o conhecimento da Arte pelo público. Este esforço exige um vasto conhecimento da Arte e pelo menos um conhecimento bem embasado de como a mente trabalha em direção a apreensão da imagem e dos processos mentais envolvidos na sua produção.

Recentes pesquisas sobre cognição (Efland, 2002) têm demonstrado a importância do engajamento das crianças e adolescentes nas artes para desenvolver a inteligência, o pensamento reflexivo e a capacidade de investigar e analisar o mundo ao redor. Estas pesquisas vieram resgatar a Arte na educação da 'lamúria psicologizante' e do sentimentalismo diluidor.

Entretanto, não é qualquer abordagem metodológica que desenvolve os processos mentais envolvidos na decodificação e na produção da Arte. Certamente as imagens para colorir de péssimo padrão estético ou os exames que pretendem comprovar se os alunos memorizaram nomes de artistas, suas vidas, ismos e datas não desenvolvem a capacidade de pensar.
A Pedagogia Questionadora têm sido um bom caminho para potencializar a curiosidade e a formulação de significados por crianças, adolescentes e adultos. Contudo, mesmo esta Pedagogia tem sido banalizada não atingindo as plenas possibilidades e os múltiplos significados da obra e do campo de sentido da Arte, restando no obviismo.

O DIÁLOGO é a força motriz da Pedagogia Questionadora, um diálogo que não se limite a roteiros preestabelecidos, um diálogo no qual não há resposta certa nem errada. Podemos julgar qual a interpretação mais adequada ou menos adequada em função do objeto ou idéia analisada. Podemos avaliar o que em termos de atribuição de significado se confirma objetivamente na obra ou o que é produto da elocubração do observador, que mesmo assim não deve ser descartado pelo professor, mas levado à confirmação diante da imagem.

O diálogo frente à obra é o melhor antídoto contra a 'cultura do silêncio' das escolas e museus na qual somente vicejam a prepotência, o autoritarismo e a hipocrisia.

Além do diálogo questionador e propositor de variáveis temos trabalhado com a Proposta ou Abordagem Triangular que compreende as ações de fazer, ver e contextualizar . Esta abordagem metodológica vem sendo transformada nos últimos quinze anos pela ação recriadora de professores e pesquisadores.

Hoje a metáfora do triângulo já não corresponde mais à sua estrutura. Nos parece mais adequado representá-la pela figura do zig-zag pois os professores nos têm ensinado o valor da contextualização tanto para o fazer como para o ver. O processo pode tomar diferentes caminhos /CONTEXTO\FAZER/CONTEXTO\VER ou VER/CONTEXTUALIZAR\FAZER/CONTEXTUALIZAR\ ou ainda FAZER/CONTEXTUALIZAR\VER/CONTEXTUALIZAR\

Assim o contexto se torna mediador e propositor, dependendo da natureza das obras, do momento e do tempo de aproximação do fruidor, enfim da unidade 'subjetil' (sujeito + objeto).
O programa Diálogos e Reflexões é um espaço proposto aos educadores para pensar juntos acerca da Arte e da Arte/Educação. A idéia é que este diálogo estabelecido entre parceiros, mediadores e em presença da própria arte provoque reflexões que nos ajude a encontrar respostas às questões que permeiam as práticas educativas. Questões que muitas vezes levam a outras questões, que nos fazem refletir sobre nossas concepções e a de nossos alunos. Estas reflexões podem nos ajudar a encontrar caminhos para aproximar a Arte da Educação ou aclarar nosso papel como educadores e mediadores da Arte na Educação.

Quando você escuta a palavra Arte em que objetos e idéias você pensa? E seus alunos?
Muito já se ouviu falar nas relações entre Arte e sagrado, espiritualidade e Arte, transcendência e Arte e ultimamente em Arte e conhecimento. Quais destas idéias tem maior peso no modo como você ensina arte?

De que maneira a Arte pode ser integrada em um currículo? Qual a diferença entre integração e interdisciplinaridade?

Como tornar relevante e significativo para os alunos o conhecimento da arte pré-histórica do Brasil, por exemplo?

O que os alunos podem aprender estudando obras de arte contemporâneas?

Que espécie de informação é necessária para entendermos uma obra de arte?

Que papel tem a memória na construção de identidades culturais e pessoais?

De onde você imagina que os artistas tiram suas idéias? E seus alunos de onde tiram as suas idéias para os trabalhos de Arte?

Você acha que o trabalho das crianças pode ser qualificado como arte? Porque?

Hoje, não só a imagem da Arte, mas a Cultura Visual em geral é importante ser vista criticamente. Neste sentido, além de obras de Arte, toda e qualquer peça gráfica pode ser objeto de análise com os alunos. Que tal começar analisando os materiais gráficos produzidos e distribuídos pelo CCBB-SP?

Qual o seu papel numa visita de sua classe a um museu ou centro cultural e qual o papel do educador do museu?

Referências

BARBOSA, Ana Mae (Org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2002.
______. (Org.). Arte/Educação Contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2005.

EFLAND, Arthur. Art and cognition. New York: Teachers College, 2002.

FREEDMAN, Kerry. Teaching visual culture: curriculum, aesthetics and the social life of art. New York: Teachers College, 2003.
Arte-Educação Para quê? (Razões para ensinar arte)

Selma de Assis Moura
Disponível em: http://www.artenaescola.org.br/pesquise_monografias_texto.php?id_m=241


A educação é uma das ações que definem nossa humanidade: o ser humano transcende seu status animal pois vai além dos instintos: compreende, reelabora, reflete, cria e recria, critica, aprende, ensina. A busca do homem através da história é sempre uma busca de compreender e transformar a realidade.

Já foi dito que uma característica distintiva do ser humano é a necessidade do supérfluo. O que ultrapassa os limites das necessidades básicas essenciais à sobrevivência e coloca-se no campo da atribuição de sentido é o que nos torna humanos. A admiração diante de um por do sol, a necessidade de deixar uma marca que dure além do efêmero tempo de nossa existência, o incômodo diante da desorganização e a valorização de uma certa ordem individual, o espanto diante do inusitado, a apreciação da beleza, a reflexão sobre o que é diferente e nos provoca... todos os seres humanos vivenciam essas situações ao longo de suas vidas, pois são constituídos de dimensões físicas, cognitivas, emocionais, sociais, éticas e estéticas.

Essa característica pluridimensional do ser humano por si só já seria válida para justificar a importância da arte na educação, já que sua ausência não favoreceria um desenvolvimento integral da pessoa, um dos principais objetivos da educação. Mas além desse fator há outros que valem a pena serem lembrados.

A arte é cultura. É fruto de sujeitos que expressam sua visão de mundo, visão esta que está atrelada a concepções, princípios, espaços, tempos, vivências. O contato com a arte de diversos períodos históricos e de outros lugares e regiões amplia a visão de mundo, enriquece o repertório estético, favorece a criação de vínculos com realidades diversas e assim propicia uma cultura de tolerância, de valorização da diversidade, de respeito mútuo, podendo contribuir para uma cultura de paz. O conhecimento da arte produzida em sua própria cultura permite ao sujeito conhecer-se a si mesmo, percebendo-se como ser histórico que mantém conexões com o passado, que é capaz de intervir modificando o futuro, que toma consciência de suas concepções e idéias, podendo escolher criticamente seus princípios, superar preconceitos e agir socialmente para transformar a sociedade da qual faz parte.

Além das já referidas justificativas ontológicas e culturais para a importância da arte na educação, cabe falar da dimensão simbólica da arte, de seu poder expressivo de representar idéias através de linguagens particulares, como a literatura, a dança, a música, o teatro, a arquitetura, a fotografia, o desenho, a pintura, entre outras formas expressivas que a arte assume em nosso dia-a-dia.

Essas formas são linguagens criadas pela humanidade para expressar a realidade percebida, sentida ou imaginada, e como linguagens que são, têm suas próprias estruturas simbólicas que envolvem elementos tais como espaço, forma, luz e sombra em artes visuais, timbre, ritmo, altura e intensidade em música, entre outros elementos inerentes a outras linguagens da arte. Ora, o conhecimento dessas estruturas simbólicas não é evidente aos alunos, nem se constrói espontaneamente através da livre expressão, mas precisam ser ensinados. O ensino das linguagens da arte cabe também à escola, embora não apenas a ela.

Um outro argumento em defesa da arte na educação passa pela sua importância ao desenvolvimento cognitivo dos aprendizes, pois o conhecimento em arte amplia as possibilidades de compreensão do mundo e colabora para um melhor entendimento dos conteúdos relacionados a outras áreas do conhecimento, tais como matemática, línguas, história e geografia. Um exemplo mais evidente é a melhor compreensão da história, de seus determinantes e desdobramentos através do conhecimento da história da arte e das idéias sobre as quais os movimentos artísticos se desenvolveram. Não existe dicotomia entre arte e ciência, entre pensar e sentir, entre criar e sistematizar, e a fragmentação do conhecimento é uma falácia que tem estado presente na educação, devendo ser superada, pois o ser humano é íntegro e total.

Diante de tal importância que a arte assume na educação, pode-se fazer uma revisão crítica do que a escola tem alcançado em termos de ensino da arte.

Temos conseguido valorizar nos alunos sua expressividade e potencial criativo? Temos sabido perceber, compreender e avaliar suas idéias sobre as linguagens artísticas? Temos desenvolvido nosso próprio percurso em artes de tal modo que conheçamos os conteúdos, os objetivos e os métodos para ensinar cada uma das linguagens artísticas? Temos tido suficiente bagagem teórico-conceitual para identificar o momento que cada educando vivencia em sua construção de conhecimento sobre a arte e fazer intervenções que lhe permitam avançar? Temos sabido incentivar a formação cultural de nossos educandos e ajudá-los a perceberem-se como sujeitos de cultura?

Creio que estamos vivenciando um momento histórico de grande importância na educação como um todo e na arte-educação especificamente: o desafio de superar concepções tecnicistas e utilitaristas, mas também de ir além do “deixar fazer” e da livre expressão apenas, para reconhecer que a arte tem características próprias que devem ser melhor conhecidas pelos educadores, que tem objetivos próprios e seus próprios métodos. Será que nós tivemos, em nossa educação, acesso à arte? E que acesso foi esse? Estamos reconstruindo o ensino da arte, não com base no que aprendemos na escola, mas no conhecimento que estamos a construir agora.

Nós, como educadores, precisamos aprender mais para ensinar melhor. Cada um de nós deverá ser um construtor de conhecimentos e um semeador de idéias e práticas que, esperamos, darão frutos no futuro.

Indicações de Leitura:

Derdyk, Edith. Formas de Pensar o Desenho: O desenvolvimento do grafismo infantil. São Paulo, Scipione, 1989.

Iavelberg, Rosa. Para gostar de Aprender Arte: Sala de Aula e Formação de Professores. Porto Alegre, Artmed, 2003.

Iavelberg, Rosa. O desenho Cultivado na Criança: Prática e Formação de Professores. São paulo, Zouk, 2006

Nicolau, Marieta Lúcia Machado e Marina Célia Moraes Dias (orgs). Oficinas de Sonho e Realidade na Formação do Educador da Infância. Campinas, Papirus, 2003.