Eu gostaria de suscitar uma reflexão e um debate sobre a presença da capoeira nas escolas, e seu papel educativo na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.
Acredito que a inserção da capoeira no currículo escolar pode trazer benefícios em múltiplas dimensões da formação das crianças: desde a melhoria da qualidade do movimento, a consciência de seu corpo e o desenvolvimento de habilidades corporais, até o fortalecimento de sua auto-estima, do respeito ao outro e à convivência em grupo.
Mas vejo, na realidade em que trabalho, que a capoeira traz uma enorme contribuição em termos de legitimar o conhecimento de uma parcela da população que durante séculos esteve excluída do que se convencionava como o saber válido, valorizado e transmissível às futuras gerações.
A capoeira, uma prática corporal que integra luta, dança, jogo, ginga, de um jeito tão brasileiro, foi uma forma de resistência durante os séculos de escravidão no Brasil. Sobreviveu à perseguição, fortaleceu-se como prática cultural e gradualmente alcançou status na sociedade, integrando-se ao rol de conhecimentos com valor reconhecido. Espalhou-se pelo mundo, penetrou escolas públicas e particulares, e tem sido um veículo de conhecimento de nossa cultura, de nossas raízes e de nossa história.
Acredito que esse papel pode sem dúvida ampliar-se. Se, na escola, a capoeira estiver presente não apenas como uma prática mas também como objeto de conhecimento e tema para reflexão entre professores e alunos, pode constituir-se em uma forma de promover o conhecimento, a valorização e o interesse pelas culturas afro-brasileiras.
Disponibilizei no blog dois textos, que estão abaixo, para fomentar a reflexão sobre o papel que a capoeira vem assumindo na escola. Não apenas nesse mês de novembro, em que um feriado marca a luta pelo reconhecimento da importância africana na constituição do país, mas de modo sistemático e constante, faz bem refletirmos sobre as possibilidades de inserção da capoeira e de outras práticas culturais na escola como forma de promover conhecimento e cidadania.
Selma de Assis Moura
3 comentários:
Adorei a idéia! Estou treinando capoeira há algum tempo e estou percebendo todas essas questões q vc coloca, q são mto curiosas dentro do conteúdo didático e da formação do indivíduo em interação com o outro.
Sou totalmente suspeita para falar do trabalho com a capoeira!
De fato é contribuidora,enriquece o repertório cultural de nossos alunos.É apaixonante a forma como as crianças se envolvem, estabelece relações com o outro!
Em meu trabalho pude verificar o quanto é valioso o trabalho com essa ARTE!
É verdade Gwenda e Luciana, fico encantada toda vez que vejo as crianças jogando capoeira! Morro de vontade de aprender, quem sabe ano que vem acho tempo de começar... Mas vejo o quanto essa riqueza cultural contribui com a formação das crianças em muitos sentidos, inclusive em música!
Pena que ainda haja certa resistência no Brasil a uma prática cultural que vem alcançando tanto reconhecimento fora daqui...
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